domingo, 27 de janeiro de 2008

A ditadura militar no Brasil - 2 - Antecedentes do golpe: suicídio de Getulío


Considero a Caros Amigos o melhor periódico atualmente nas bancas. Muitos a consideram extremista, eu ao contrário a considero corajosa por assumir uma posição que não seja ditada pelo que é mais rendoso ou mais próxima do senso comum. Avesa a idéia dominante, apresenta uma miríade de visões dentro do que se convencionou chamar de esquerda.
Há alguns meses iniciou uma série de especiais com o intuito de contar a história sobre a ditadura militar no Brasil. Infelizmente perdi o primeiro fascículo(o sétimo acabou de sair nas bancas). É uma obra que merece ser lida, debatida entendida, para que nunca mais seja repetida.

Plano da obra:
1. A noite do golpe
2. Antecedentes: A suicídio de Vargas
3. Governo Jango(1961-1964)
4. Governo Castelo Branco(1964-1967)
5. Governo Costa e Sila(1967-1969)
6. Governo Médici (1969-1974): O milagre
7. Governo Médici- A tortura
8. Governo Médici – Terror total
9. Governo Geisel (1974-1978): Fim do milagre
10. Governo Geisel – Extinta a luta armada
11. Governo Geisel – A abertura
12. Governo Figueiredo (1979-1985): Fim da ditadura

O segundo fascículo trata sobre os antecedentes do golpe, a pressão sobre Getulio Vargas, sua morte, as tentativas de barrar JK, a visita de Che, e o preparo do terreno feito pelas entidades civis.

Fonte: Extraído da “Coleções Caros Amigos – A ditadura militar no Brasil – A historia em cima dos fatos” fascículo 2
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Introdução:

“Antecedente de 1964: da formação ao colapso do populismo”

Getúlio Vargas, que chegou ao cargo máximo da República pela primeira vez cavalgando a Revolução de 1930 como seu principal líder, governou o país durante quinze anos. Cai em 1945, derrubado por generais de seu próprio ministério. Comandou uma ditadura em mais da metade daquele tempo (Estado Novo, 1937-1945). Contudo, o período inicial da chamada Era Vargas introduziu inovações como o voto feminino e a Justiça Eleitoral; conquistas sociais como salário mínimo, organização sindical; e deu início à industrialização do Brasil.
Derrubado Vargas, o presidente do Supremo Tribunal Federal, José Linhares, assume a presidência até que, realizadas eleições, tomem posse o novo chefe de governo e a Assembléia Nacional Constituinte. A 2 de dezembro, vence o general Enrico Gaspar Dutra, ministro da Guerra no governo Vargas, candidato pelo PSD, Partido Social Democrático, criado pelo próprio Vargas junto com o PTB, Partido Trabalhista Brasileiro. Fica em segundo lugar o candidato da UDN, União Democrática Nacional, outro militar, brigadeiro Eduardo Gomes.
Dutra, eleito graças ao apoio de Getúlio, tomou posse em janeiro de 1946 em clima de euforia pelo restabelecimento das liberdades democráticas. Sob a nova Constituição, a "melhorzinha" que já tivemos no dizer de Darcy Ribeiro, realizam-se em 10 de janeiro de 1947 eleições gerais - de governos estaduais a câmaras municipais. Uma das marcas do governo Dutra foi o alinhamento do Brasil aos Estados; Unidos em todos os setores. Rompemos relações diplomáticas com a União Soviética e cresceu a cultura anticomunista no Brasil. Em 7 de maio de 1947, o governo põe o Partido Comunista na ilegalidade; e, em 7 de janeiro de 1948, a Justiça Eleitoral cassa os mandatos dos parlamentares comunistas.

Resumo:
• Entre Getúlio e outro, um Dutra afinado com os EUA
• Chega a matéria plástica
• O suicídio adia o golpe de 1954 para 1964
• Manifesto dos Coronéis – Anote os nomes, eles ensaiam em 54 e darão o golpe em 64
• Esquece o Brasil
• Vargas, o homem que deu nome a uma era
• O petróleo é nosso
• EUA pressionaram parlamentares
• A banda de Música ensaia o espetáculo final
• Instala-se a República do Galeão
• Os últimos momentos do presidente
• Carta-testamento
• Nova manobra: barrar o caminho de JK
• Um governo de três dias, mas que dias cheios
• Parecia que o Brasil, enfim, ia decolar
• Estabilidade política e tolerância
• Abertura ao capital externo, educação negligenciada
• Bossa nova, automóvel, modernidade: os Anos Dourados
• A miragem surge no vazio do cerrado
• Depois de Brasília, a crise, a dupla Jan-Jan, o golpe
• O Barão de Itararé ri até da desgraça: depois de apanhar dos militares, pôs aviso na porta: “Entre sem bater”
• O estado a que chegamos
• Não era a última esperança
• Cortesia vira subversão: Grã-Cruz de Che
• Desmaiou, chorou, esperando ser chamado
• Complicações para Jango
• A volta redonda do jornalismo brasileiro
• Ultima Hora nasceu batendo O Globo
• Fim de Jango, fim de UH
• Ligas Camponesas, nove anos que assustaram o latifúndio
• Entidades civis preparam o terreno
• Caíram no conto do anticomunismo e do inimigo interno
• Hierarquia não suporta democracia

sábado, 26 de janeiro de 2008

Quênia - Sobre a Cegueira




Ótimo texto da primeira Carta Capital do ano.

Fonte: Extraído do periódico “Carta Capital” 16/01/2008 ano XIV n°478
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"O Quénia pode dar um exemplo para a África do Sul e o resto do continente", es-creveu a revista The Economist em 19 de dezembro de 2007. "Pode não ser tão sexy quanto a África do Sul, mas como ilha de estabilidade e prosperidade na África Oriental, a qualidade de sua democracia faz diferença."
Um mês antes, o FMI elogiara a eco-nomia, as reformas liberais e a política fiscal ortodoxa e se decidira por mais empréstimos, apesar de "lamentar" o atraso no pagamento da dívida e cobrar uma parcela maior do orçamento para esse fim. Também se lembrou de pedir progressos no combate à corrupção.
Dez dias depois, ante a fraude eleitoral de 27 de dezembro, de-nunciada pela oposição e obser-vadores da União Europeia -mas inicialmente ignorada pelos EUA, que pediu à oposição que aceitasse o resultado -, o Quénia mergulhou em uma guerra civil que já custou 500 vidas, 250 mil refugiados e l bilhão de dólares (5% do PIB) em prejuízos.
É mais um capítulo de uma história de recusa do Ocidente a ver a fraude, o autoritarismo e a corrupção em governos "amigos", até seus resultados lhe explodirem na cara, enquanto cada ato de um rebelde como Ro-bert Mugabe, o presidente do Zimbábue, mesmo que seja popular, dá motivos a ruidosas ca-tilinárias contra a tirania.
É também a continuação de uma história de corrupção e vio-lência que remonta aos ingleses. No início dos anos 50, o Império Britânico perdera a índia, mas não aceitara o próprio fim." ... continua

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Encarte CLACSO - Cadernos da América Latina - I



Encarte CLACSO
CADERNOS DA AMÉRICA LATINA - I

Este encarte é uma inciativa de responsabilidade do
Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais - CLACSO
e está sendo publicado bimestralmente pelo períodico "Le Monde Diplomatique Brasil"


Fonte:
Texto Integral retirado do perídico "Le Monde Diplomatique Brasil" - Ano 1/n4 Novembro de 2007
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Apresentação por Emir Sade*

Este primeiro caderno bimestral do pensamento crítico latino-americano, sob a coordenação do Clacso — Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais —, publicará artigos inteiros, ou parte significativa deles, de autores do nosso continente. Começamos por um de Ruy Maura Marini, simultaneamente à publicação do primeiro volume da coleção Clássicos do Pensamento Crítico Latino-Americano — Processos e tendências da globalização capitalista—, pela Prometeo Editorial, da Argentina. E com um texto de Agustín Cueva, coincidindo com o segundo livro da mencionada coleção — Entre a ira e a esperança. A coleção começará a ser publicada também no Brasil a partir do próximo ano.

Seguirão autores como Álvaro Garcia Linea, Pablo Gonzalez Casanova, Florestan Fernandes, René Zabaleta Mercado, Rodolfo Stavenhagen, Milton Santos, Silvio Frondizi, Gerard Pierre-Charles, Anibal Quijano, Juan Carlos Portantiero, Edelberto Torres-Rivas, entre outros.

Esperamos que, mais que fértil leitura, sirvam, tanto estes cadernos, como os livros da coleção, para alimentar discussões, debates, seminários, e que ajudem a recolocar o pensamento social latino-americano à altura das necessidades e dos desafios que se apresentam para o continente no novo século, cheio de alternativas novas para o presente e para o futuro.

Ruy Mauro Marini nasceu no Brasil, onde também cursou seus estudos, e desenvolveu grande parte de sua carreira académica no México e no Chile. Foi professor da Universidade de Brasília, da Universidade de Concepción, da Universidade do Chile e da Universidade Autónoma do México. Um dos fundadores da teoria da dependência — que inverteu a direção dos fluxos de pensamento sobre a América Latina —, e sua principal referência no campo marxista, o autor desenvolveu conceitos de extraordinária fecundidade para as ciências sociais, como os de superexploração do trabalho, subimperialismo, Estados de contra-insurgência e Estados de quarto poder.

Sua obra, marcada por grande continuidade, pode ser dividida em duas fases principais.

A primeira, nos anos 60 e 70, onde teoriza as grandes tendências reprodutivas do capitalismo dependente, seus limites políticos, as possibilidades e estratégias da onda nacional-popular e socialista que emerge dessas décadas e as ditaduras que se generalizam no Cone Sul para destruí-la.

A segunda, que se desenvolve nos anos 80 e 90, onde analisa a inserção do capitalismo dependente nos processos de globalização e a reconstrução do movimento popular e das alternativas socialistas. Para isso, toma como objeto de análise o neoliberalismo, as fraturas e recomposições que provoca no Estado latino-americano, os limites da redemocratização, a hegemonia neoliberal e os caminhos de uma renovação do projeto socialista capaz de oferecer uma democracia radical e substantiva que desmascare o simulacro neoliberal. Nessa perspectiva, propõe-se a um balanço crítico do pensamento social latino-americano, buscando prepará-lo para as novas tarefas da conjuntura contemporânea: a construção de uma ofensiva socialista, não apenas latino-americana, mas também mundial, capaz de redefinir as bases do sistema de poder no planeta. Essa tarefa, apenas iniciada por Ruy Mauro Marini, no México, entre 1994-1996, com a publicação de sete tomos sobre a Teoria Social Latinoamericana, está por se desenvolver e é a tarefa de todo socialista, militante da vida.

Para inaugurar este caderno bimestral, escolhemos um texto dessa segunda etapa, "Democracia e luta de classes" (1985), que editamos e cuja versão completa pode ser obtida no livro da coleção mencionada e em www.marini-escritos.unam.mx. Sua atualidade salta aos olhos para todos aqueles que desejam construir os caminhos do socialismo no século XXI.

Agustín Cueva nasceu em lbarra, no Equador, aí cursando ciências sociais, na Universidad Central, tornando-se professor e diretor da Escola de Sociologia de Quito. Foi também professor da Escola de Sociologia da Universidade de Concepción, no Chile, mudando-se depois para o México, onde lecionou na Faculdade de Ciências Políticas Sociais e no Centro de Estudos Latinoamericanos da Unam. Ele morreu em 1992.

Entre suas obras, destacam-se Entre a ira e a esperança — Estudos sobre a cultura nacional (1967), O processo de dominação política do Equador (1972), O desenvolvimento capitalista na América Latina (1972), Leituras e contribuições (1986), A teoria marxista (1987), As democracias restringidas na América Latina (1988), América Latina na fronteira dos anos 90 (1989) e Literatura e consciência histórica na América Latina (1993).

* Emir Sader: cientista político brasileiro, secretário executivo da CLACSO, coordenador e professor do Laboratório de Políticas Públicas da UERJ, professor aposentada da USP e autor de dezenas de livros, entre os quais, Latino-americana: enciclopédia contemporânea da América Latina e Caribe (2006), projeto que coordena e redige em co-autoria com 121 escritores latino-americanos.

Fragmentos de Heráclito de Éfeso



"Purificam-se manchando-se com outro sangue, como se alguém, entrando na lama se lavasse. E louco pareceria, se algum homem o notasse agindo assim. E também a estas estátuas eles dirigem suas preces, como alguém que falasse a casas, de nada sabendo o que são deuses e heróis."
Heráclito de Efeso -
5, Aristócrito, Teosofia, 68; Orígenes, Contra Celso, VII, 62.

Fonte do livro digitalizado: http://www.consciencia.org/fragmentos_presocraticos.shtml

Fonte dos dados acerca do livro: Wikipedia - Heraclito de Efeso

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Heráclito de Éfeso (datas aproximadas: 540 a.C. - 470 a.C. em Éfeso, na Jônia) foi um filósofo pré-socrático, recebeu o cognome de "pai da dialética". Problematiza a questão do devir (mudança). Recebeu a alcunha de "Obscuro", pois desprezava a plebe, recusou-se a participar da política (que era essencial aos gregos), e tinha também desprezo pelos poetas, filósofos e pela religião. Sua alcunha derivou-se principalmente devido ao livro (Sobre a Natureza) que escreveu com um estilo obscuro, próximo a sentenças oraculares.

Dados biográficos

Nascimento
c. 540/535 a.C. - c. 540/535 a.C. Éfeso, atual Turquia
Falecimento c. 475/470 a.C.
Nacionalidade Grego
Ocupação Filósofo
Principais interesses Metafísica, Ética, Epistemologia, Política
Idéias notáveis "Tudo flui", fogo como "physis", Logos
Influenciados Platão, Aristóteles, Nietzsche, Heidegger, Popper, Whitehead, Jung

Sobre a vida de Heráclito, Diógenes Laércio nos relata: “Heráclito, filho de Blóson, ou, segundo outra tradição, de Heronte, era natural de Éfeso. Tinha uns quarenta anos por ocasião da 69ª Olimpíada (504-501 aC). Era homem de sentimentos elevados, orgulhoso e cheio de desprezo pelos outros”.

Em outra passagem, o mesmo Diógenes nos conta: “Retirado no templo de Ártemis, divertia-se em jogar com as crianças e, acercando-se dele os efésios, perguntou-lhes:

De que vos admirais, perversos? Que é melhor: fazer isso ou administrar a República convosco?

E, por fim, tornado misantropo e retirando-se, vivia nas montanhas, alimentando-se de ervas e plantas.”
Usando sempre de hipocrisia, Heráclito ridicularizava o conhecimento dos médicos e dos físicos de sua época. Sobre as circunstâncias de como ocorreu a sua morte, Diógenes Laércio assim nos conta: “Hermipo, porém, conta que ele (Heráclito) perguntava aos médicos se alguém podia, esvaziando-lhe o ventre, expelir a água. Como negassem, deitou-se ao sol e pediu aos criados que o cobrissem com esterco. Assim deitado, faleceu no dia seguinte e foi sepultado na praça pública. Neantes de Cizico afirma que, tendo sido impossível retirá-lo de sob o esterco, lá permaneceu, e, irreconhecível pela putrefação, foi devorado pelos cães.carece de fontes

O pensamento de Heráclito

Os filósofos milesianos (Tales, Anaximandro, etc) haviam percebido o dinamismo das mudanças que ocorrem na physis, como o nascimento, o crescimento e o perecimento, mas não chegaram a problematizar a questão. Heráclito, inserido dentro do contexto pré-socrático, parte do princípio de que tudo é movimento, e que nada pode permanecer estático. "Panta rhei", sua "máxima", significa "tudo flui", "tudo se move", exceto o próprio movimento. Ele exemplifica, dizendo que não podemos entrar duas vezes no mesmo rio, porque, ao entrarmos pela segunda vez, não serão as mesmas águas que estarão lá, e a pessoa mesma já será diferente (de fato, a Biologia veio a descobrir muito mais tarde que nossas células estão em constante renovação, e isso é uma mudança).

Mas tal questão é apenas um pressuposto de uma doutrina que vai mais além. O devir, a mudança que acontece em todas as coisas é sempre uma alternância entre contrários: coisas quentes esfriam, coisas frias esquentam, coisas úmidas secam, coisas secas umedecem, etc. A realidade acontece, então, não em uma das alternativas, que são apenas parte da realidade, e sim da mudança ou, como ele chama, na guerra entre os opostos. Esta guerra é a realidade, aquilo que podemos dizer que é. Mas essa guerra da qual fala Heráclito não tem essa conotação de violência ou algo semelhante. Tal guerra é que permite a harmonia e mesmo a paz, já que assim é possível que os contrários possam existir: "A doença faz da saúde algo agradável e bom", ou seja, se não houvesse a doença, não haveria porque valorizar-se a saúde, por exemplo. Ele ainda considera que, nessa harmonia, os opostos coincidem da mesma forma que o princípio e o fim, em um círculo, ou a descida e a subida, em um caminho (pois o mesmo caminho é de descida e de subida); o quente é o mesmo que o frio, pois o frio é o quente quando muda (ou, dito de outra forma: o quente é o frio depois de mudar, e o frio, o quente depois de mudar, como se ambos, quente e frio, fossem "versões" diferentes da mesma coisa).

Inserido no contexto pré-socrático, Heráclito definiu, partindo de seus pressupostos (o "panta rhei" e a guerra entre os contrários) uma arché, um princípio de todas as coisas: o fogo. Para ele, "todas as coisas são uma troca do fogo, e o fogo, uma troca de todas as coisas, assim como o ouro é uma troca de todas as mercadorias e todas as mercadorias são uma troca do ouro", ou seja, todas as coisas transformam-se em fogo, e o fogo transforma-se em todas as coisas. De seus escritos restaram poucos fragmentos, (encontrados em obras posteriores), os quais geraram grande número de obras explicativas.

A cosmologia de Heráclito

Segundo Heráclito, o fogo é o elemento primordial de todas as coisas. Tudo se origina por rarefação e tudo flui como um rio. O cosmos é um só e nasce do fogo e de novo é pelo fogo consumido, em períodos determinados, em ciclos que se repetem pela eternidade.
Em seu livro - Do Céu, Aristóteles escreve: “Concordam todos em que o mundo foi gerado; mas, uma vez gerado, alguns afirmam que é eterno e outros que é perecível, como qualquer outra coisa que por natureza se forma. Outros, ainda, que, destruindo-se, alternadamente é ora assim, ora de outro modo, como Empédocles e Heráclito de Éfeso. (...) Também Heráclito assevera que o universo ora se incendeia, ora de novo se compõe do fogo, segundo determinados períodos de tempo, na passagem em que diz – Acendendo-se em medidas e apagando-se em medidas.”

Para Heráclito, condensado o fogo se umidifica, e com mais consistência torna-se água, e esta, solidificando-se, transforma-se em terra e a partir daí, nascem todas as coisas do mundo. Este é o caminho que Heráclito define como sendo “para baixo”.
Derretendo-se a terra obtém-se água. Água transforma-se em vapor, tal como vemos na evaporação do mar. E rarefazendo-se o vapor transforma-se novamente em fogo. E este é o caminho “para cima”.
Nosso mundo é cercado pelos astros (Sol, Lua, e estrelas). Esses nada mais são do que barcos cujas concavidades estão voltadas para nós, e que carregam dentro de si chamas brilhantes. A mais brilhante é a chama do Sol e também a mais quente. Os demais astros distam mais da Terra e é por isso que seu brilho é menos vivo e menos quente, mas a Lua, que está bem próxima da Terra, não é por isso, mas por não se encontrar num espaço puro – a escuridão. O Sol, entretanto, está em região clara e pura.
Os eclipses do Sol e da Lua acontecem quando as concavidades dos barcos se voltam para cima. E as fases da Lua ocorrem quando o barco que a encerra se volta aos poucos em nossa direção.
Dia e noite, meses e estações, chuvas, ventos e demais fenômenos são conseqüências de diferentes evaporações. Pois a brilhante evaporação inflamando-se no círculo do Sol produz o dia, e quando a contrária prevalece produz a noite; e quando da evaporação brilhante nasce o calor faz verão, mas quando da sombra o úmido prevalece faz-se o inverno.

O Deus e a alma

Dentro do pensamento de Heráclito, Deus não tinha a aparência de um homem nem de outro animal qualquer. Deus não era nem criador, nem onipotente. Heráclito limitava-se a identificá-lo com os opostos, os quais persistem apesar de suas mudanças e assim são capazes de compreender sua própria unidade.
“O Deus é dia-noite, inverno-verão, guerra-paz, saciedade-fome; mas se alterna como o fogo, quando se mistura a incensos, e se denomina segundo o gosto de cada um.”
Nesse argumento, podemos ver que Heráclito considerava as diversas divindades da mitologia grega, que eram adoradas pelos homens de seu tempo, como sendo apenas fogo misturado a diferentes tipos de incensos.
E a alma consiste apenas de mais uma rarefação do fogo e sofre as mesmas mudanças que todas as outras coisas também experimentam; e a morte traz a completa extinção da alma.
“Para almas é morte tornar-se água, e para água é morte tornar-se terra, e de terra nasce água, e de água alma.”
Novamente aqui, nesse raciocínio, vemos Heráclito descrever seus caminhos “para baixo” e “para cima”.

Algumas considerações

Para que possam aproveitar melhor as leituras vou disponibilizar também as obras utilizadas ou citadas nos periódicos. Caso você possua alguma delas em formato digital e queira compartilhar conosco fico muito agradecido.

Também recebemos nosso primeiro apoio: o Plano B - HQ Independente fez o jabazinho nosso , e retribuímos a gentileza.

Aproveito para fazer duas indicações o Farra, o melhor forum de scans, possui um acervo gigantesco e o Vertigem o melhor blog de scans de quadrinhos adultos que conheço(boa parte do meu acervo vem de lá).

Abraços a todos

domingo, 13 de janeiro de 2008

Raimundo Lúlio - Ramon Llull






Os livros estão em arquivos executáveis, não se preocupem não contém vírus, testei no meu computador antes de postar(concordo que colocar tal aviso não lhes darão nenhuma garantia acerca da inexistência de vírus).

Fonte do livros digitalizado: Instituto Brasileiro de Filosofia e Ciência Raimuno Lúlio - Ramon Llull
Fonte dos dados acerca do livro: http://www.ricardocosta.com/textos/textosllull.htm

Livros:
Livro do amigo e do amado
Livro das bestas
Árvore Imperial
Perdoar

Links:

Institut Ramon Llull
Instituto Brasileiro de Filosofia e Ciência Raimundo Lúlio
Textos traduzidos de Ramon Llull. Coordenação: Prof. Dr. Ricardo da Costa

Raimundo Lúlio, em catalão Ramon Llull, (Palma de Maiorca, 1232/1233 — 1315/1316; também conhecido como Raimundo Lulio em castelhano, como Raimundus ou Raymundus Lullus por autores extrangeiros e como Raymond Lully pelos anglo-saxões) foi o mais importante escritor, filósofo, poeta, missionário e teólogo da língua catalã. Foi um prolífico autor também em árabe e latim, bem como em Langue d'Oc (occitano). É beato da Igreja Católica.

Foi um leigo próximo aos franciscanos, talvez tenha pertencido à Ordem Terceira dos Frades Menores. É conhecido como "Doctor Illuminatus", embora não seja um dos 33 Doutores da Igreja Católica.

Nasceu em Palma de Maiorca, pouco tempo após a conquista de Maiorca pelo rei D. Jaime I de Aragão. Não se sabe a data exata do seu nascimento, mas calcula-se que ocorreu entre fins de 1232 e começos de 1233. Ramon era filho de uma família de boa situação financeira, eram seus pais Ramon Amat Llull e Isabel d'Erill.

De acordo com Umberto Eco , o lugar do nascimento foi determinante para Llull, pois Maiorca era uma encruzilhada, ná época, das tres culturas: cristã, islâmica e judia, até o ponto de que a maior parte de suas 280 obras conhecidas terem sido escritas inicialmente em árabe e catalão. [1].

Além de ser o primeiro autor que utilizou uma língua neolatina para expressar conhecimentos filosóficos, científicos e técnicos e de se destacar por uma aguda percepção que o permitiu antecipar muitos conceitos e descobrimentos, foi o criador do catalão literário, com um elevado domínio da língua e seu primeiro novelista.

De família cristã, Lúlio conviveu com muçulmanos e judeus em sua ilha de origem, Maiorca. Lúlio converteu-se definitivamente ao cristianismo em 1263, no ano da famosa Disputa de Barcelona, entre um teólogo judeu, o mestre Mosé ben Nahman de Girona, e um judeu convertido, Pau Crestià. Nessa Disputa, foi utilizado o procedimento de partir das argumentações do livro revelado do opositor. A partir dessa época, os apologetas cristãos passaram a estudar em profundidade os textos islâmicos e judeus.

Mas Lúlio seguiu uma outra vertente. Em seu diálogo interreligioso, motivado pela tentativa missionária de conversão do "infiel", preferia partir do que chamava de "razões necessárias". É o que desenvolve, por exemplo, em O Livro do Gentio e dos Três Sábios (1274-1276).

Futuramente, criará uma forma de argumentação baseada na automatização do pensamento, na chamada Grande Arte, utilizando um procedimento baseado na Zairja.

Conhecido em seu tempo pelos apelidos de Arabicus Christianus (árabe cristiano), Doctor Inspiratus (Doutor Inspirado) ou Doctor Illuminatus (Doutor Iluminado), Llull é uma das figuras mais fascinantes e avançadas dos campos espiritual, teológico e literário da Idade Média. Em alguns de seus trabalhos propos metodos de escolha, que foram redescobertos séculos mais tarde por Condorcet (século XVIII).

Citação
Natal
" Adoro o Menino abençoado, Deus e homem, a sua divindade, a sua humanidade e todo o bem que há nele, já que a ele toda adoração objetiva e, finalmente, deve ser endereçada. Adoro nele a soberana bondade, a soberana grandeza e todas as demais qualidades incriadas; e, sendo ele homem, adoro também essas mesmas qualidades tal como foram criadas; e como todas as coisas foram feitas por ele, adoro o seu entendimento, e a sua boa vontade adoro, e qualquer outra ação sua; e a ele ofereço toda a minha inteligência, todo o meu poder e todo o meu agir, e, se mais pudesse, mais diria para a sua glória e a sua honra. Adoro o Menino que há de sofrer a paixão, há de ser sepultado e há de ressuscitar no terceiro dia, e com toda a glória dele adoro também a bem-aventurada Virgem sua sacratíssima Mãe." (Ramon Llull, em : Do nascimento do Menino Jesus, Escritos antiaverroístas, EDIPUCRS, Porto Alegre 2001, p. 64)

Mito da Caverna




Fonte do livro digitalizado: http://ateus.net/ebooks/
Fonte dos dados acerca do livro: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mito_da_caverna
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O mito da caverna, também chamada de Alegoria da caverna, é uma parábola escrita pelo filósofo Platão, e encontra-se na obra intitulada A República (livro VII). Trata-se da exemplificação de como podemos nos libertar da condição de escuridão que nos aprisiona através da luz da verdade.

Alguns ainda chamam de Os prisioneiros da caverna ou menos comumente de A parábola da caverna,

Resumo

Imaginemos um muro alto separando o mundo externo e uma caverna. Na caverna existe uma fresta por onde passa um feixe de luz exterior. No interior da caverna permanecem seres humanos, que nasceram e cresceram ali.

Ficam de costas para a entrada, acorrentados, sem poder locomover-se, forçados a olhar somente a parede do fundo da caverna, onde são projetadas sombras de outros homens que, além do muro, mantêm acesa uma fogueira.

Os prisioneiros julgam que essas sombras eram a realidade

Um dos prisioneiros decide abandonar essa condição e fabrica um instrumento com o qual quebra os grilhões. Aos poucos vai se movendo e avança na direção do muro e o escala, com dificuldade enfrenta os obstáculos que encontra e sai da caverna, descobrindo não apenas que as sombras eram feitas por homens como eles, e mais além todo o mundo e a natureza.

A teoria da Caverna Platão, República, Livro VII, 514a-517c

Depois disto – prossegui eu – imagina a nossa natureza, relativamente à educação ou à sua falta, de acordo com a seguinte experiência. Suponhamos uns homens numa habitação subterrânea em forma de caverna, com uma entrada aberta para a luz, que se estende a todo o comprimento dessa gruta. Estão lá dentro desde a infância, algemados de pernas e pescoços, de tal maneira que só lhes é dado permanecer no mesmo lugar e olhar em frente; são incapazes de voltar a cabeça, por causa dos grilhões; serve-lhes de iluminação um fogo que se queima ao longe, numa eminência, por detrás deles; entre a fogueira e os prisioneiros há um caminho ascendente, ao longo do qual se construiu um pequeno muro, no género dos tapumes que os homens dos "robertos" colocam diante do público, para mostrarem as suas habilidades por cima deles. – Estou a ver – disse ele.

– Visiona também ao longo deste muro, homens que transportam toda a espécie de objectos, que o ultrapassam: estatuetas de homens e de animais, de pedra e de madeira, de toda a espécie de lavor; como é natural, dos que os transportam, uns falam, outros seguem calados.

– Estranho quadro e estranhos prisioneiros são esses de que tu falas – observou ele.

– Semelhantes a nós – continuei -. Em primeiro lugar, pensas que, nestas condições, eles tenham visto, de si mesmo e dos outros, algo mais que as sombras projectadas pelo fogo na parede oposta da caverna?

– Como não – respondeu ele –, se são forçados a manter a cabeça imóvel toda a vida?

– E os objectos transportados? Não se passa o mesmo com eles ?

– Sem dúvida.

– Então, se eles fossem capazes de conversar uns com os outros, não te parece que eles julgariam estar a nomear objectos reais, quando designavam o que viam?

– É forçoso.

– E se a prisão tivesse também um eco na parede do fundo? Quando algum dos transeuntes falasse, não te parece que eles não julgariam outra coisa, senão que era a voz da sombra que passava?

– Por Zeus, que sim!

– De qualquer modo – afirmei – pessoas nessas condições não pensavam que a realidade fosse senão a sombra dos objectos.

– É absolutamente forçoso – disse ele.

– Considera pois – continuei – o que aconteceria se eles fossem soltos das cadeias e curados da sua ignorância, a ver se, regressados à sua natureza, as coisas se passavam deste modo. Logo que alguém soltasse um deles, e o forçasse a endireitar-se de repente, a voltar o pescoço, a andar e a olhar para a luz, ao fazer tudo isso, sentiria dor, e o deslumbramento impedi-lo-ia de fixar os objectos cujas sombras via outrora. Que julgas tu que ele diria, se alguém lhe afirmasse que até então ele só vira coisas vãs, ao passo que agora estava mais perto da realidade e via de verdade, voltado para objectos mais reais? E se ainda, mostrando-lhe cada um desses objectos que passavam, o forçassem com perguntas a dizer o que era? Não te parece que ele se veria em dificuldades e suporia que os objectos vistos outrora eram mais reais do que os que agora lhe mostravam?

– Muito mais – afirmou.

– Portanto, se alguém o forçasse a olhar para a própria luz, doer-lhe-iam os olhos e voltar-se-ia, para buscar refúgio junto dos objectos para os quais podia olhar, e julgaria ainda que estes eram na verdade mais nítidos do que os que lhe mostravam?

– Seria assim – disse ele.

– E se o arrancassem dali à força e o fizessem subir o caminho rude e íngreme, e não o deixassem fugir antes de o arrastarem até à luz do Sol, não seria natural que ele se doesse e agastasse, por ser assim arrastado, e, depois de chegar à luz, com os olhos deslumbrados, nem sequer pudesse ver nada daquilo que agora dizemos serem os verdadeiros objectos?

– Não poderia, de facto, pelo menos de repente.

– Precisava de se habituar, julgo eu, se quisesse ver o mundo superior. Em primeiro lugar, olharia mais facilmente para as sombras, depois disso, para as imagens dos homens e dos outros objectos, reflectidas na água, e, por último, para os próprios objectos. A partir de então, seria capaz de contemplar o que há no céu, e o próprio céu, durante a noite, olhando para a luz das estrelas e da Lua, mais facilmente do que se fosse o Sol e o seu brilho de dia.

– Pois não!

– Finalmente, julgo eu, seria capaz de olhar para o Sol e de o contemplar, não já a sua imagem na água ou em qualquer sítio, mas a ele mesmo, no seu lugar.

– Necessariamente.

– Depois já compreenderia, acerca do Sol, que é ele que causa as estações e os anos e que tudo dirige no mundo visível, e que é o responsável por tudo aquilo de que eles viam um arremedo.

– É evidente que depois chegaria a essas conclusões.

– E então? Quando ele se lembrasse da sua primitiva habitação, e do saber que lá possuía, dos seus companheiros de prisão desse tempo, não crês que ele se regozijaria com a mudança e deploraria os outros?

– Com certeza.

– E as honras e elogios, se alguns tinham então entre si, ou prémios para o que distinguisse com mais agudeza os objectos que passavam e se lembrasse melhor quais os que costumavam passar em primeiro lugar e quais em último, ou os que seguiam juntos, e àquele que dentre eles fosse mais hábil em predizer o que ia acontecer – parece-te que ele teria saudades ou inveja das honrarias e poder que havia entre eles, ou que experimentaria os mesmos sentimentos que em Homero, e seria seu intenso desejo "servir junto de um homem pobre, como servo da gleba", e antes sofrer tudo do que regressar àquelas ilusões e viver daquele modo?

– Suponho que seria assim – respondeu – que ele sofreria tudo, de preferência a viver daquela maneira.

– Imagina ainda o seguinte – prossegui eu -. Se um homem nessas condições descesse de novo para o seu antigo posto, não teria os olhos cheios de trevas, ao regressar subitamente da luz do Sol?

– Com certeza.

– E se lhe fosse necessário julgar daquelas sombras em competição com os que tinham estado sempre prisioneiros, no período em que ainda estava ofuscado, antes de adaptar a vista – e o tempo de se habituar não seria pouco – acaso não causaria o riso, e não diriam dele que, por ter subido ao mundo superior, estragara a vista, e que não valia a pena tentar a ascensão ? E a quem tentasse soltá-los e conduzi-los até cima, se pudessem agarrá-lo e matá-lo, não o matariam ?

– Matariam, sem dúvida – confirmou ele.

– Meu caro Gláucon, este quadro – prossegui eu – deve agora aplicar-se a tudo quanto dissemos anteriormente, comparando o mundo visível através dos olhos à caverna da prisão, e a luz da fogueira que lá existia à força do Sol. Quanto à subida ao mundo superior e à visão do que lá se encontra, se a tomares como a ascensão da alma ao mundo inteligível, não iludirás a minha expectativa, já que é teu desejo conhecê-la. O Deus sabe se ela é verdadeira. Pois, segundo entendo, no limite do cognoscível é que se avista, a custo, a ideia do Bem; e, uma vez avistada, compreende-se que ela é para todos a causa de quanto há de justo e belo; que, no mundo visível, foi ela que criou a luz, da qual é senhora; e que, no mundo inteligível, é ela a senhora da verdade e da inteligência, e que é preciso vê-la para se ser sensato na vida particular e pública.

Interpretação da alegoria

Platão referia-se aos seus contemporâneos, com suas crenças e superstições. O filósofo era qual um fugitivo capaz de fugir das amarras que prendem o homem comum às suas falsas crenças e, partindo na busca da verdade, consegue apreender um mundo mais amplo. Ao falar destas verdades para os homens afeitos às suas impressões, não apenas não seria compreendido, como tomado por mentiroso, um corruptor da ordem vigente.

O que é capaz de se libertar das ilusões, deve atuar na desmistificação das sombras do povo (Talvez uma das primeiras bases para o renascimento Iluminista), o que justifica o fato de por meio da dialética chegar-se a bases mais concretas, e principal tese da Obra " A República" de Platão.

Exemplos

Este tema é comentado durante a história por muitos filósofos e outros autores, como Calderón de la Barca com A vida é um sonho. Exemplos mais modernos podem ser o livro Admirável Mundo Novo (Aldous Huxley, 1932) ou o filme Matrix (Irmãos Wachowski, 1999) (especialmente o primeiro).

Discurso do Método - René Descartes




Fonte do livro digitalizado: http://ateus.net/ebooks/
Fonte dos dados acerca do livro: http://pt.wikipedia.org/wiki/Discurso_sobre_o_método
Links:

Texto integral, online:
Livro digitalizado em formato pdf
Diretorio onde se encontra o livro em formato pdf
Discurso do método (em português)
Discours de la méthode (em francês)
Discourse on method (em inglês)

Outros links:
Internet Enciclopedy of Philosophy: Descartes
Stanford Encyclopedia of Philosophy: Descartes' Epistemology
Philosophy Pages: Descartes
Os três sonhos de Descartes

O Discurso sobre o método, por vezes traduzido como Discurso do método – ou ainda Discurso sobre o método para bem conduzir a razão na busca da verdade dentro da ciência (em francês, Discours de la méthode pour bien conduire sa raison, et chercher la verité dans les sciences) – é um tratado matemático e filosófico de René Descartes, publicado em francês em Leiden em 1637. Ele inicialmente apareceu junto a outros trabalhos de Descartes, Dioptrique, Météores e Géométrie. Uma tradução para o latim foi produzida em 1656, e publicada em Amsterdam.

Constitui, ao lado de Meditações sobre filosofia primeira (Meditationes de prima philosophia), Princípios de filosofia e Regras para a direção do espírito (Regulae ad directionem ingenii), a base da epistemologia do filósofo, sistema que passou a ser conhecido como cartesianismo. O Discurso propõe um modelo quase matemático para conduzir o pensamento humano, uma vez que a matemática tem por característica a certeza, a ausência de dúvidas.

Segundo o próprio Descartes, parte da inspiração de seu método (descrito nesse livro/tratado) deveu-se a três sonhos ocorridos na noite de 10 para 11 de novembro de 1619: nestes sonhos lhe havia ocorrido “a idéia de um método universal para encontrar a verdade.”

Discurso sobre o método foi escrito em vernáculo (os textos filosóficos costumavam ser escritos em latim), de maneira não-doutrinária, pois Descartes tentou popularizar ao máximo os conceitos ali expressos e de maneira não impositiva, mas compartilhada. Em toda a obra permeia a autoridade da razão, conceito banal para o homem moderno, mas um tanto novo para o homem medieval (muito mais acostumado à autoridade eclesiástica). A autoridade dos sentidos (ou seja, as percepções do mundo) também é particularmente rejeitada; o conhecimento significativo, segundo o tratado, só pode ser atingido pela razão, abstraindo-se a distração dos sentidos. Uma das mais conhecidas frases do Discurso é Je pense, donc je suis (citada frequentemente em latim, cogito ergo sum; penso, logo existo): o ato de duvidar como indubitável, e as evidências de “pensar” e “existir” ligadas.

Além dessa conclusão, Descartes também prova a existência de Deus, especifica critérios para a boa condução da razão e faz algumas demonstrações.

Divisão e conteúdo da obra

O Discurso está dividido em seis partes, e possui uma breve introdução. Nesta, Descartes já enfatiza a divisão do livro e explica o que o leitor encontrará em cada uma das seis partes:
  • na primeira, diversas considerações sobre a ciência
  • na segunda, as principais regras sugeridas por ele para a prática científica
  • na terceira, algumas das justificativas do método
  • na quarta, as provas da existência de Deus e da alma humana, fundamentos da metafísica
  • na quinta, Descartes faz algumas aplicações do método a questões físicas e relativas à medicina; também as particularidades da alma humana
  • na sexta, as razões que o levaram a escrever o tratado e aquilo que Descartes acredita ser essencial para o progresso do conhecimento
Os quatro preceitos

O método de raciocínio proposto por Descartes no Discurso compõe-se de quatro partes distintas, sintetizadas na passagem seguinte:
“Le premier étoit de ne recevoir jamais aucune chose pour vraie que je ne la connusse évidemment être telle; c'est-à-dire, d'éviter soigneusement la précipitation et la prévention, et de ne comprendre rien de plus en mes jugements que ce qui se présenteroit si clairement et si distinctement à mon esprit, que je n'eusse aucune occasion de le mettre en doute. Le second, de diviser chacune des difficultés que j'examinerais, en autant de parcelles qu'il se pourroit, et qu'il seroit requis pour les mieux résoudre. Le troisième, de conduire par ordre mes pensées, en commençant par les objets les plus simples et les plus aisés à connoître, pour monter peu à peu comme par degrés jusques à la connoissance des plus composés, et supposant même de l'ordre entre ceux qui ne se précèdent point naturellement les uns les autres. Et le dernier, de taire partout des dénombrements si entiers et des revues si générales, que je fusse assuré de ne rien omettre.” (Discurso, parte 2)

Simplificadamente, são os passos ou preceitos:

  1. Receber escrupulosamente as informações, examinando sua racionalidade e sua justificação. Verificar a verdade, a boa procedência daquilo que se investiga – aceitar o que seja indubitável, apenas. Esse passo relaciona-se muito ao cepticismo.
  2. Análise, ou divisão do assunto em tantas partes quanto possível e necessário.
  3. Síntese, ou elaboração progressiva de conclusões abrangentes e ordenadas a partir de objetos mais simples e fáceis até os mais complexos e difíceis.
  4. Enumerar e revisar minuciosamente as conclusões, garantindo que nada seja omitido e que a coerência geral exista.


O método cartesiano. No preceito ou passo 1, as coisas indubitáveis (círculos marcados com i) passam por um "funil", que impede a passagem de coisas que tragam dúvidas (d). No segundo, as coisas são analisadas, ou seja, divididas para melhor compreensão; no terceiro, procede-se a síntese, ou agrupamento em graus de complexidade crescente. No último passo, as conclusões são ordenadas e classificadas.

Estas operações reconstituiriam as três operações elementares da mente humana, a indução (que consiste em captar realidades mínimas), a dedução (agrupar observações e inferir resultados) e a enumeração (acompanhada da revisão e reelaboração de conceitos).

Estes preceitos são colocados em alegoria com a demolição de uma casa (o antigo método de pensamento que Descartes empregava) e a construção de um edifício seguro (o novo Método). A metáfora da construção pode ser encontrada, por exemplo, na afirmação acerca da utilidade da dúvida hiperbólica (que não seria simplesmente o duvidar por duvidar):

“Non que j'imitasse pour cela les sceptiques, qui ne doutent que pour douter, et affectent d'être toujours irrésolus; car, au contraire, tout mon dessein ne tendoit qu'à m'assurer, et à rejeter la terre mouvante et le sable pour trouver le roc ou l'argile.” (Discurso, parte 3)
(“Não que eu imitasse os cépticos, que duvidam apenas por duvidar, e ostentam apenas manter-se em irresolução; pois, ao contrário, todo o meu projeto era simplesmente firmar-me na certeza, e rejeitar a terra e areia instável em prol de colocar-me em rocha ou argila.”)

A inspiração, por sua vez, vinha da geometria, na qual partia-se de conceitos simples para descrever progressivamente entidades mais complexas:

“Ces longues chaînes de raisons, toutes simples et faciles, dont les géomètres ont coutume de se servir pour parvenir à leurs plus difficiles démonstrations, m'avoient donné occasion de m'imaginer que toutes les choses qui peuvent tomber sous la connoissance des hommes s'entresuivent en même façon[...]” (Discurso, parte 4)
(“Estas longas cadeias de razão, todas simples e fáceis, sobre as quais os geômetras costumam se servir para chegar às mais difíceis demonstrações, me levaram a imaginar que todas as coisas que podem penetrar na consciência dos homens são ligadas da mesma maneira [...]”)

A prova ontológica (cogito ergo sum)


Na quarta parte do Discurso Descartes realiza a prova ontológica, ou seja, a prova da existência do ser e também a prova da existência de Deus.

Aplicando o método a si mesmo, Descartes confronta o próprio raciocínio. Ele argumenta que, embora a mente possa tanto raciocinar sobre coisas reais quanto sobre coisas de sonhos, enquanto acordado ou dormindo respectivamente, ele não pode, ao refletir sobre a veracidade desses pensamentos, negar que esteja pensando; e como sujeito pensante, conclui que é seguro supor a própria existência:
“Mais aussitôt après je pris garde que, pendant que je voulois ainsi penser que tout étoit faux, il falloit nécessairement que moi qui le pensois fusse quelque chose; et remarquant que cette vérité, je pense, donc je suit, étoit si ferme et si assurée, que (...) je jugeai que je pouvois la recevoir sans scrupule pour le premier principe de la philosophie que je cherchois.” (Discurso, parte 4)
(“Mas imediatamente que eu observava isso, que os pensamentos de sonho se confudem com a realidade], ainda assim eu desejava pensar que tudo era falso, era absolutamente necessário que eu, quem pensa, seja algo; e enquanto eu observava que isso é verdadeiro, eu penso, logo existo, era tão certo e tão evidente que (...) eu aceitei este como primeiro princípio de filosofia, que eu estava refletindo.”)

Consoante, qualquer esforço para duvidar de sua própria existência era uma ocorrência de pensamento, e essa ocorrência exigia um sujeito pensante, ainda que mínimo. Eis portanto a prova da existência de mim mesmo.

É preciso notar ainda que não é qualquer ato do eu que determina a existência. Um andar não provaria essa existência, uma vez que andar pode trazer a dúvida da existência das próprias pernas; somente um pensamento (seja ela uma dúvida, um desejo, uma afirmação, uma sensação ou similares) é indubitável e portanto adequa-se ao Método. Somente o pensamento, quando percebido, garante a existência do eu.

Existência de Deus

A existência de Deus é provada porque, existindo a razão e o pensamento, é preciso haver um fiador dessa razão e desse pensamento, algo que lhe dê coerência. Pela razão, existe Deus. Trata-se da retomada do pensamento de Aristóteles, do noesis noeseos (pensamento do pensamento), ou o "motor imóvel". Além disso, Descartes demonstra que as idéias de perfeito, infinito e similares, são tão transcendentes a ele, ser imperfeito e finito, que é preciso haver algo de onde essa idéia venha, que não o próprio ser pensante:

“Ensuite de quoi, faisant réflexion sur ce que je doutois, et que par conséquent mon être n'étoit pas tout parfait, car je voyois clairement que c'étoit une plus grande perfection de connoître, que de douter, je m'avisai de chercher d'où j'avois appris à penser à quelque chose de plus parfait que je n'étois; et je connus évidemment que ce devoit être de quelque nature qui fût en effet plus parfaite. (...) C'est à dire, pour m'expliquer en un mot, qui fût Dieu.” (Discurso, parte 4)
(“A seguir, fazendo a reflexão sobre o fato de que eu duvido, e que por conseguinte meu ser não era absolutamente perfeito, porque eu via claramente que era perfeição maior conhecer do que duvidar, eu percebi que dessa reflexão concluía a existência de algo mais perfeito que eu era; e eu claramente percebi que essa percepção vinha de uma natureza que era de fato mais perfeita [que a minha]. (...) Para ser dito em uma palavra, que era Deus.”)

Alguns dizem (um tanto implausivelmente) que Descartes incluiu a prova da existência de Deus apenas para satisfazer os censores do período. Os seguidores de Descartes logo perceberam que a dúvida metódica também poderia aplicar-se a Deus; de fato, a prova da existência de Deus é uma das partes mais fracas da argumentação de Descartes. Nas Meditações Descartes também argumentará a existência de Deus através da suposição de que o pensamento de Deus contém também sua existência; o pensamento que contém o próprio pensado.

Aplicação do método nas ciências

Descartes mostra, no penúltimo capítulo do Discurso, a aplicação prática do método a algumas questões científicas. Entre elas, destaca-se a descrição dos animais não-humanos como máquinas orgânicas complexas, marca do mecanicismo atribuído a Descartes.

De fato, Descartes afirma que vários dos comportamentos do próprio ser humano são passíveis de explicações mecânicas. O que diferenciaria o ser humano dos demais animais seria a capacidade de responder criativamente ao meio, em especial através da linguagem. Trata-se de uma antecipação do famoso teste de Turing, usado para determinar a existência de inteligência com base na capacidade criativa de algo ou alguém.

O Método, em seu aspecto de dividir, ordenar e classificar, é a base de muitos conceitos científicos que vieram a ser desenvolvidos nos anos subseqüentes, de grande importância para a humanidade: o sistema de coordenadas cartesiano, o cálculo, a geometria analítica e a disposição estatística em histogramas.

A grande contribuição (para alguns, desastrosa) de Descartes para a ciência moderna está, efetivamente, na descaracterização de um mundo enquanto qualitativo e sua redução a um mundo puramente quantitativo. Do Discurso, conclui-se que Deus existe, assim como o eu pensante ou alma (res cogitans) e a matéria ou extensão (res extensa, isto é, o corpo - esta concessão ao realismo trouxe muitos problemas ao idealismo); tudo mais deve ser expresso em termos destas existências.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Discutindo Filosofia



Após apanhar um pouco do Photoshop finalmente terminei o primeiro scan do Compartilhando e Criando Informação , espero que gostem. Prometo melhorar a qualidade das páginas(por ser a primeira contém alguns erros) nos próximos números.
Essa primeira scan é, na minha opinião, a melhor publicação filosófica atualmente, é uma revista bimestral com uma qualidade de texto ímpar, se tiver a oportunidade de tê-la em papel não exite.
Tive de iniciar pela terceira edição(esse mês saiu a décima edição – irei disponibilizar todas) , mas assim que conseguir as duas primeiras posto-as aqui também.
Abaixo o editorial e um resumo do conteúdo. Ótima leitura a todos.

Links para baixar Discutindo Filosofia

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EDITORIAL
Neste terceiro número de Discutindo Filosofia, abordamos muitas questões atuais, estabelecendo um diálogo proveitoso entre filosofia e arte, educação, ciência, meios de comunicação. Como o leitor verá, ao folhear a revista, isso não significa, de forma alguma, abandonar a história da filosofia, e sim mostrar sua vitalidade ao trafegar por diversas épocas e assuntos.
Ao discutir questões como o conhecer e seus limites, a técnica, a tecnologia e seus efeitos no mundo contemporâneo, despontam pensadores como Aristóteles, Copérnico, Descartes e grandes nomes da ciência.
Dessa forma, também, o leitor pode acompanhar uma pequena história de alguns dos grandes momentos da recepção e interpretação dessa figura enigmática que foi o grego Heráclito. Ele foi o filósofo que afirmou que "nunca entramos no mesmo rio duas vezes". Cabe também dizer que, apesar de algumas constantes, nunca se lê Heráclito da mesma forma duas vezes. Isso apenas comprova a riqueza desse fundo inesgotável que é a história da filosofia.
No que se refere à arte, questões semelhantes. Um grupo de rock pode dialogar com a filosofia? Como o surgimento da fotografia fez balançar a história da arte e das concepções em torno de uma das mais veneráveis belas-artes, a pintura? Isso e muito mais você encontrará nesta edição: a questão polémica do ensino de filosofia, a análise da recente presença da filosofia num dos mais populares programas da TV brasileira, a inovadora - e atual - compreensão dos afetos humanos por Spinoza...
Os temas e enfoques são muitos, e espero que o leitor, mais uma vez, aprecie o conjunto.
Um abraço a todos

Homero Santiago Coordenador-geral
Professor de Filosofia na Universidade de São Paulo filosofia@escalaeducacional.com.br



Resumo:
Um filósofo, uma idéia: O Conceito de afeto segundo Baruch de Spinoza
Estética: Por que a fotografia ajudou a derrubar a pintura decorativa
Televisão: Como a telinha pode servir para estimular a reflexão
Cotidiano: Michel Foucault e a disciplina do corpo no ônibus
Lógica: Um método prático para distinguir o verdadeiro do válido
O que é: A Antropologia Filosófica e sua afirmação do século 20
Café Filosófico: A realidade se confunde com os pontos de vista?
Trocando em miúdos : A definição de matéria nos princípios da Filosofia de René Descartes
Astronomia: Copérnico formulou o heliocentrismo, sem explicar o movimento da Terra
Pop: A doutrina ética e artística da banda Legião Urbana
Epistemologia: O trabalho pioneiro do espanhol Ramon Llull para sistematizar as ciências
Na sala de aula: O desafio de ensinar pensamento e cidadania em um curso noturno
Pensar é preciso: A amizade para Arthur Schopenhauer


"Distância e longa ausência prejudicam qualquer amizade, por mais triste que seja admiti-lo. As pessoas que não vemos, mesmo os amigos mais queridos, aos poucos se evaporam no decurso do tempo até o eslado de noções abstraias, e o nosso interesse por elas torna-se cada vez mais racional, de tradição. Por outro lado, consertamos interesse vivo e profundo por aqueles que lemos diante dos olhos, nem que sejam apenas os animais de estimação. Tão vinculada aos sentidos é a natureza humana. Por isso, aqui lambem são sábias as palaxras de Goethe:'O tempo presente é um deus poderoso'.
Os amigos da casa são chamados assim com precisão, pois são amigos mais da casa do que do dono. Portanto, assemelham-se antes aos gatos do que aos cães. Os amigos se dizem sinceros; os inimigos o são. Dessa forma, descríamos usar a censura desles para nosso antoconhecimenlo, como se fosse um remédio amargo
o
Os amigos são raros na necessidade:' Não, pelo contrário! Mal fazemos amizade com alguém, e logo ele eslará em dificuldade, pedindo dinheiro emprestado."
Arthur Schopenhauer, filósofo alemão (1788-1860)
em Aforismos para a Sabedoria de Vida

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Nossa razão de ser

Nenhuma criação surge do nada. Por mais criativo que sejamos, por mais que queiramos nos alienar de tudo que previamente conhecemos, nossas criações são fatalmente frutos de criações anteriores, de modo que a criação é no fundo um processo social, principalmente a criação de informação.
Sendo um processo social é justo que ao menos parte dessa criação seja revertida àquela, assim mais e mais informação será criada.

Esse é o intuito desse projeto, disponibilizar em formato digital conteúdos que possuo em papel. Algo como emprestar minhas revistas para os amigos, o fato desse amigo estar do outro lado do país é um "mal" da quebra de fronteiras da internet.
Não faço isso com a inteção de prejudicar os envolvidos na criação desses periódicos, mas sim na tentativa de aumentar o alcance dos seus conteúdos. São em sua maioria
publicações que exigem um publico maduro, que não iria usufruir desse formato digital se tivesse a oportunidade de ter tais publicações em seu formato papel.

Sou um voraz consumidor de scans, mas sou também um voraz consumidor de revistas, tanto quanto meu salário permite, sendo que algumas só compro apôs tê-las conhecido em versão digitalizada.

Desejo a todos que desfrutem o melhor possível de tudo aquilo que aqui encontrarem, e nunca, nunca mesmo guarde algo que é de todos dentro de um baú.
Grande Abraço.