quarta-feira, 16 de abril de 2008

Correio Caros Amigos



O Correio Caros Amigos, segundo o próprio site é um informativo da editora Casa Amarela totalmente gratuito de periodicidade semanal destinado a estimular o debate e disseminar informações importantes e relevantes para todos nós.
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· 31/08/2007: A picanha da classe média – Carlos Azevedo
· 09/09/2007: A questão da nomemclatura - Guilherme Scalzilli
· 12/09/2007: A fila, ora a fila - Carol Damasco
· 19/09/2007: A marcha dos “sem-mídia” - Lula Miranda
· 04/10/2007: No meio do caminho - Rodrigo Ciríaco
· 31/10/2007: O casal Kirchner - Mariana Camarotti, de Buenos Aires
· 08/11/2007: O PMDB e o fisiologismo político - Dejalma Cremonese
· 27/11/2007: Chávez e o Império - Carlos Azevedo
· 29/11/2007: Quanto e Quem - Pedro Cardoso da Costa
· 01/02/2008: Morreu um Homo sapiens sapiens - Mylton Severiano
· 15/02/2008: Assassinatos políticos no Brasil hoje - Natalia Viana
· 22/02/2008: Fidel não surpreendeu os cubanos - Jorge Garrido
· 29/02/2008: Tailândia, Pará, Brasil, entre muitas aspas
· 07/03/2008: A mídia como arma de guerra - Izaías Almada
· 14/03/2008: Cem Marias para cada Madeleine - Natalia Viana
· 27/03/2008: Serjão, fique por perto - Vinícius Souto
· 31/08/2007 a 27/03/2008:Pacote Correio Caros Amigos
· Diretório onde se encontram os fascículos

A picanha da classe média
por Carlos Azevedo

Recentemente, tenho lido com freqüência manifestações indignadas segundo as quais, enquanto a classe média (elite) dá um duro danado para construir o Brasil, trabalha, paga impostos etc., o povo fica só de “chupim”, vivendo do Bolsa Família. A Veja acaba de publicar uma pesquisa que, de acordo com a interpretação da revista, demonstra ser a elite o que há de melhor no país, e que todo o nosso atraso se deve à ignorância do povo.
Fiquei impactado com essas revelações luminosas, mas não perdi a fome (afinal, ninguém é de ferro, nem a elite e muito menos o povo). Fui a um restaurante e pedi uma picanha. Ela veio no ponto, rosadinha e macia. Agradeci à classe média por essa maravilha. Quantos dias de trabalho deve ter custado a essas senhoras e senhores respeitáveis, cidadãos cumpridores de seus deveres, fazer uma picanha como essa? Tem que cuidar da vaca, do bezerrinho dela, dando ração todo dia, curando suas doenças até virar novilho, tudo isso pisando em bosta de boi, sem esquecer aquele cheiro de curral. Depois, matar o boi etc. etc., até extrair a maravilhosa picanha. Enquanto isso, o povo ó!, só no Bolsa Família.
Aí, peguei meu carro para ir para casa. E agradeci de novo à classe média laboriosa pelo petróleo que ela produz generosamente. (Não, não são os petroleiros, você precisa ler mais a Veja.) E pelo seu ingente trabalho de plantar cana, fazer álcool, para misturar na gasolina. Agradeci pelo carro também, porque quem senão ela faz o carro? E assim fui pensando em tudo de bom que a classe média produz, meus sapatos, as roupas, meu chapéu (eu uso chapéu quando faz frio!); em tudo que ela constrói, os prédios, as ruas, as estradas. E tudo o mais: telefone celular, televisão, computador, Internet... Percebo que Adam Smith, Ricardo e Karl Marx enganaram-se redondamente em dizer que o valor vem do trabalho. Ele vem é da classe média!
E acabei pasmo, pensando em como é difícil para a classe média (elite) ter de carregar nas costas esses milhões de operários, técnicos, cientistas, trabalhadores na agricultura, bóias-frias, camponeses sem terra, índios, esses vagabundos! Ainda bem que ela consegue se distrair nos shopping centers, cinemas, na televisão a cabo, no Orkut (que ela fez), matar a saudade da Disney comendo sanduíche do Mcdonalds (que a classe média americana fez). Oh, meu Deus, que peso! Não é de estranhar que esteja tão cansada! Por que o governo não cria também uma Bolsa Classe Média?

Carlos Azevedo é jornalista

domingo, 6 de abril de 2008

A ditadura militar no Brasil - 5 - Governo Costa e Silva

Surge o Ato Institucional 5 e a Operação Bandeirantes ... mais nada a declarar

Fonte: Extraído da “Coleções Caros Amigos – A ditadura militar no Brasil – A historia em cima dos fatos” fascículo 5
Digitalizado por: Compartilhando e criando informação

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Introdução:

Era um jogador? - Fama de esperto que se fazia de bronco

Antes de tomar posse como sucessor de Castelo, Artur da Costa e Silva dá uma volta ao mundo em cinquenta dias. Visita Europa e Oriente Médio. Seu lema, anunciado numa das paradas vem em frase feita: "Menos política e mais trabalho." Como se um governante não está trabalhando quando faz política. A plataforma de governo ele sintetiza num binómio: Paz e Produção. Banalidade era com ele: "As pedras do caminho não me assustam", disse quando se lançou "candidato a presidente" em meados de 1966. Artur da Costa e Silva, gaúcho de Taquari, nascido em 3 de outubro de 1902, um linha-dura, é visto pelos colegas de 1964 como" mais chefe militar do que o Castelo ", conforme dirá numa entrevista, trinta anos depois, o assessor de Relações Públicas no governo Médici, general Octávio
Costa, que acrescentará: "Costa e Silva, já general, era um homem afeito à jogatina, no baralho ou no jóquei." Octávio Costa nos conduz a concluir que, sendo o jogo "marcante" na vida do colega, houve ousadia de jogador de pôquer quando ele, ao ver o golpe vitorioso, sentou na cadeira de ministro e se auto-intitulou chefe do Comando Supremo da Revolução. Segundo o general Fiúza de Castro, que chefiou a PM do Rio em 1974, Costa e Silva era também "mulherengo, farrísta", e, embora "esperto", "cultivava a fama de bronco". Na percepção popular, seria mesmo bronco, tanto que surgiram várias anedotas sobre o tema, como veremos.

Resumo:

  • Registrado já no século 4 A.C.: “Sucessão em estado de ilegalidade é sempre difícil”
  • Lacerda cedo se arrependeu de apoiar os militares golpistas
  • Jango: “inconveniente” no Brasil, segundo Costa e Silva
  • Acidente esquisito: Que fazia avião de Castelo na zona de treino da FAB?
  • Um incidente fatal
  • Paris, Mundo, Maio de 1968 – I: A imaginação toma o poder, e felicidade é sinônimo de luta
  • Paris, Mundo, Maio de 1968 – II: Partidos comunistas entram em crise no pós-68
  • Primavera em Praga: Tanques russos nas ruas tchecas
  • É proibido proibir: Teve gente que não entendeu nada
  • Chega de Guerra do Vietnã
  • Mártir dos estudantes: Um tiro no coração de Edson Luís
  • À luz de velas e ao som do Hino Nacional
  • Sexta-feira sangrenta: um helicóptero despeja ácido, clima de pânico
  • Parecia Paris, mas não era
  • A Filosofia se retira
  • Frente a Frente, escolas antagonistas travam a Batalha da Maria Antônia
  • Juventude irada no Rio: a indignação dos estudantes explode e contamina até as mãe
  • Passeata dos 100.000
  • CCC ataca: Atores espancados, teatro destruído
  • Todo mundo Preso! A luta dos estudantes acaba na lama
  • Caso Chandler: Metralhado a queima roupa
  • Adhemar armou o bote que se voltaria contra ele mesmo. Os guerrilheiros “expropriaram” seu cofre
  • A ação bem planejada envolveu treze guerrilheiros
  • O maior golpe de uma ação guerrilheira 2 milhões e meio de dólares numa tacada
  • Realidade: uma revista arrebanha leitores e incomoda o governo
  • Ousadia na pauta e no texto
  • Não admitiram cerceamento
  • Algumas matérias:
    • Existe preconceito de cor
    • O gosto que a guerra tem
    • Uma definição jornalística
    • Mulher, ladrão, virador
  • Uma viagem às heróicas greves de 1968
  • Presidente aos 18 anos
  • Enquanto isso em Minas... Coronel ameaça, e mais greves pipocam
  • Dia do Trabalho: Pedrada na cabeça do governador Sodré, fogo no palanque
  • Pelos nossos filhos: “O movimento sindical tinha que assumir a questão ambiental como fundamental”
  • Delfim passou o chapéu
  • OBAN: Fardas manchadas de sangue – Operação Bandeirantes: nasce o repugnante método de combate aos adversários da ditadura
  • Moído e morto a pancadas
  • Médicos examinavam o torturado para determinar se suportava mais castigos
  • Ousado golpe: “Meu Deus, seqüestramos o embaixador dos Estados Unidos!”
  • Olho por olho, dente por dente Delfim passou o chapéu
  • Quatro figuras: Franklin Martins, Vera Sílvia Magalhães, Virgílio Gomes da Silva e Fernando Gabeira
  • Instituições em frangalhos: Governo perde uma parada e responde pesado
  • Golpe dentro do golpe: Com o Ato Institucional n5, o governo podia tudo
  • Escureceu o tempo
  • Dias dos cegos
  • Último ato: Junta Militar consegue endurecer o jogo ainda mais
  • O general dizia que ia matar a fome da humanidade
  • Dinheiro de fora veio e engordou a dívida externa
  • O atribulado desfecho do governo Costa e Silva
  • Período sangrento vem aí

sexta-feira, 4 de abril de 2008

George Orwell


Fonte dos dados acerca do autor: Duplipensar.net

Diretorio onde se encontram os livros

Todas as obras diponiveis

* Obras disponiveis no arquivo rar:


Nascido Eric Arthur Blair, em 1903, filho de um alto funcionário da marinha inglesa, estacionado na Índia, este bretão de origem hindu leu as primeiras letras na aristocrática Academia de Eton. Desde lá, dá demonstrações de seu pensamento originalíssimo, se desencantando com a sociedade de que faz parte, repudiando todo intelectualismo e seu artificialismo.

Aos 19 anos, entra na Polícia Imperial Britânica, voltando à terra-máter de seus ancestrais. Os cinco anos entre Índia e Birmânia são suficientes para que ele deserte, revoltado com a política colonial e imperialista dos ingleses.
Voltando à Europa, renúncia à sua origem burguesa, à fortuna, ao passado (que considerava vergonhoso) e ao próprio nome, adotando a alcunha de George Orwell. Primeiro em Paris, como operário, "linhão" de fábrica, e depois em Londres, como professor primário, sente, pela primeira vez na carne, o gosto amargo da opressão, da desigualdade.

Nesse contexto inicia sua produção literária. Um dos primeiros escritos é "O caminho para Wigan Pier" (1937), onde descreve as condições de extrema miséria dos trabalhadores do norte da Inglaterra, em meio aos quais viveu por algum tempo. Antes, já havia produzido "Vencido em Paris e Londres", onde ataca ferozmente o posicionamento dos escritores de sua época, revolucionários, em tese, burgueses, na prática. Já reconhecido seu talento, assume posturas cada vez mais radicais em favor das classes sociais baixas. Ao deflagrar-se a Guerra Civil Espanhola em 1936, sentiu que era ali o palco onde a história aconteceria. Justificou sua participação em breves palavras: "naquela época, e naquela atmosfera, isso pareceu a única coisa que podia fazer".

Em 1937 já estava na Catalunha, lutando junto com o P.O.U.M. (Partido Obrero de Unificación Marxista), ao lado dos anarquistas socialistas e não nas Brigadas Internacionais, dos comunistas ortodoxos. Ferido em combate, regressa a Inglaterra e escreve "Homenagem à Catalunha (também traduzido como "Lutando na Espanha"), em 1938, onde escancara sua amargura e desgosto ante seu ocular testemunho.

Ao mesmo tempo, decepcionado com a rígida estrutura dos Partidos Comunistas fiéis aos ditames de Moscou, volta-se para uma espécie de socialismo independente. Assim, se a Guerra o consolidou como socialista revolucionário, também fez dele um anti-stalinista convicto. E é na "Revolução dos Bichos" (1945) que retrata com grande habilidade o totalitarismo e o aburguesamento do regime soviético, que, segundo ele, traiu a revolução de 1917. Na realidade, não é o socialismo em si, mas o totalitarismo (e todos os totalitarismos) que seus ataques pretendem atingir. Isso é mais evidente anda em "1984" (1949) que constitui uma condenação global de um universo maniqueísta, feito de mentiras, traições e terror.

Escritor de uma sinceridade incontestável, George Orwell testemunhou e viveu pessoalmente tudo que retratou em sua obra. Seus melhores momentos baseiam-se na própria experiência. Além de viver como peão, ensinou em diversas escolas e chegou a criar galinhas e plantar legumes, enquanto escrevia nas horas de folga. Morreu em 1950, aos 47 anos. Crítico violento do totalitarismo de todos os tipos, da exploração das massas trabalhadoras, do imperialismo e do colonialismo, pretendeu manter sobretudo um espírito independente e profundamente ligado à realidade vivida, no que foi coerente até a morte.

Leia mais em: Resumo do livro 1984 de George Orwell

Saiba mais sobre o livro 1984 de George Orwell
Saiba mais sobre George Orwell

Obras de George Orwell - Romances:
Dias na Birmânia - Burmese Days (1934)
A Filha do Reverendo - A Clergyman's Daughter (1935)
Mantenha o Sistema (O Vil Metal) - Keep the Aspidistra Flying (1936)
Um Pouco de Ar, Por Favor! (Na sombra de 1984) - Coming up for Air (1939)
A Revolução dos Bichos (O Triunfo dos Porcos) - Animal Farm (1945)
1984 (Mil Novecentos e Oitenta e Quatro) - Nineteen Eighty-Four (1949)

Obras de George Orwell - Não-Ficção:
Na Pior em Paris e Londres (Na Penúria em Paris e Londres) - Down and Out in Paris and London (1933)
A caminho de Wigan - The Road to Wigan Pier (1937)
Lutando na Espanha (Homenagem à Catalunha) - Homage to Catalonia (1938)

George Orwell - 1984


Fonte do livro digitalizado: Não possuo a fonte
Fonte dos dados acerca do livro: Duplipensar.net - Resumo do livro 1984

Links:
Livro digitalizado em formato pdf
Diretorio onde se encontra o livro

Atenção o texto abaixo contém revelações sobre o livro(spoiler), inclusive seu final, leia por sua conta e risco

No mais famoso romance de George Orwell, a história se passa no "futuro" ano de 1984 na Inglaterra, ou Pista de Pouso Número 1, parte integrante do megabloco da Oceania. É comum a confusão dos leitores com o continente homônimo real. O megabloco imaginado por Orwell tem este nome por ser uma congregração de países de todos os oceanos. A união da Alca (Área de Livre Comércio das Américas), Reino Unido, Sul da África e Austrália não parece estar tão distante da realidade.

E a transformação da realidade é o tema principal de 1984. Disfarçada de democracia, a Oceania vive um totalitarismo desde que o IngSoc (o Partido) chegou ao poder sob a batuta do onipresente Grande Irmão (Big Brother).

Narrado em terceira pessoa, o livro conta a história de Winston Smith, membro do partido externo, funcionário do Ministério da Verdade. A função de Winston é reescrever e alterar dados de acordo com o interesse do Partido. Nada muito diferente de um jornalista ou um historiador. Winston questiona a opressão que o Partido exercia nos cidadãos. Se alguém pensasse diferente, cometia crimidéia (crime de idéia em novilíngua) e fatalmente seria capturado pela Polícia do Pensamento e era vaporizado. Desaparecia.

Inspirado na opressão dos regimes totalitários das décadas de 30 e 40, o livro não se resume a apenas criticar o stalinismo e o nazismo, mas toda a nivelação da sociedade, a redução do indivíduo em peça para servir ao estado ou ao mercado através do controle total, incluindo o pensamento e a redução do idioma. Winstom Smith representa o cidadão-comum vigiado pelas teletelas e pelas diretrizes do Partido. Orwell escolhera este nome na soma da 'homenagem' ao primeiro-ministro Winston Churchill com o uso do sobrenome mais comum na Inglaterra. A obra-prima foi escrita no ano de 1948 e seu titúlo invertido para 1984 por pressão dos editores. A intenção de Orwell era descrever um futuro baseado nos absurdos do presente.

Winston Smith e todos os cidadãos sabiam que qualquer atitude suspeita poderia significar seu fim. E não apenas sair de um programa de tv com o bolso cheio de dinheiro, mas desaparecer de fato. Os vizinhos e os próprios filhos eram incentivados a denunciar à Polícia do Pensamento quem cometesse crimidéia. Fato comum nos regimes totalitários.

Algo estava errado, Winston não sabia como mas sentia e precisava extravassar. Com quem seria seguro comentar sobre suas angústias? Não tendo respostas satisfatórias, Winston compra clandestinamente um bloco e um lápis (artigos de venda proibida adquiridos num antiquário).

Para verbalizar seus sentimentos, Winston atualiza seu diário usando o canto "cego" do apartamento. Desta forma ele não recebia comentários nem era focalizado pela teletela de seu apartamento. Um membro do Partido (mesmo que externo como Winston) tinha de ter um teletela em casa, nem que fosse antiga. A primeira frase que Winston escreve é justificavel e atual: Abaixo o Big Brother!

A vida de repressão e medo nem sempre fora assim na Oceania. Antes da Terceira Guerra e do Partido chegar ao poder, Winston desfrutava uma vida normal com os seus pais.

Mesmo Winston tinha dificuldades para lembrar das recordações do passado e da vida pré-revolucionária. Os esforços da propaganda do Partido com números e duplipensamento tornavam a tarefa quase impossível já que o futuro, presente e passado eram controlados pelo Partido.

O próprio ofício de Winston era transformar a realidade. No Miniver (Ministério da Verdade), ele alterava dados e jogava os originais no incinerador (Buraco da Memória) de tudo que pudesse contradizer as verdades do Partido. A função de Winston é uma crítica à fabricação da verdade pela mídia e da ascenção e queda de ídolos de acordo com alguns interesses.

O Partido informa: a ração de chocolate semanal aumenta para 20g para cada cidadão. O trabalho de Winston consistia em coletar todos os dados antigos em que descreviam que a ração antiga era de 30g e substitui-los pela versão oficial. A população agradece ao Grande Irmão pelo aumento devido aos propósitos midiáticos do poder. Winston entendia que adulterava a verdade, por muito tempo ele encobria a verdade para si, mas, aos poucos, ele começava a questionar calado e solitariamente. O medo de comentar algo era um dos trunfos do Partido para o controle total da população. Winston tinha esperança na prole. Na sua ingênua visão, que confunde-se com a biografia de Orwell em sua visão durante a guerra civil espanhola, a prole é a única que pode mudar o status quo.


Clique na imagem para ampliar e ver o mapa mundi de 1984
Winston lembra dos "Dois minutos de ódio", parte do dia em que todos os membros do partido se reunem para ver propaganda enaltecendo as conquistas do Grande Irmão e, principalmente, direcionar o ódio contido contra os inimigos (toteísmo usado amplamente pelo ser humano: odeie o seu inimigo e se identifique com o seu semalhante). Durante este ato, Winston repara num membro do Partido Interno, seu nome é O'Brien. Winston separou-se devido à devoção de sua esposa ao Partido. Ela seguia as determinação que o sexo deveria ser apenas para procriação de novos cidadãos. O sexo como prazer era crime. Ao ver uma bela mulher, lembrou-se da última vez que fizera sexo. Havia três anos e com uma prostituta repugnante. Boicotar o sexo, como pretendem os atuais donos-do-mundo é uma das forças-motrizes para dominar a mente. Winston anotava tudo o que se passava pela sua cabeça. Um exercício proibido mas necessário. Anotar e lembrar pode ser muito perigoso. O caso mais escandaloso que revoltava Winston era o de Jones, Aaronson and Rutherford, os últimos três sobreviventes da Revolução. Presos em 1965, confessaram assasinatos e sabotagens em seus julgamentos. Foram perdoados, mas logo após foram presos e executados. Após um breve periodo Winston os viu no Café Castanheira (Local mal-visto pelos cidadãos que não queriam cometer crimidéia). No ano do julgamento Winston refez uma matéria sobre os três 'traidores'. Recebeu através do tubo de transporte que eles estavam na Lestásia naqueles dias, mas ele sabia que eles confessaram estar na Eurásia (naquela época a Eurásia era a inimiga, mas num piscar de olhos, a Lestásia deixava de ser a aliada e passava a ser a inimiga).

Esta é uma crítica às alianças políticas, principalmente ao pacto de Hitler e Stalin. Os nazistas chegaram ao poder financiados também por setores dos EUA para combater o avanço do comunismo. Durante a vigoração do pacto, a aliança entre Moscou e Berlim sempre existiu para a população dos dois países. Eles não eram amigos, eles sempre foram amigos! No ano seguinte, rumo ao 'espaço vital alemão', os russos sempre foram os inimigos. Sempre tinham sido. Bastante atual se compararmos o apoio logístico e bélico dado aos estaduinedenses a Saddam Hussein e Osama bin Laden para combater o comunismo. Agora, eles são os inimigos eternos.

A mentira do Partido era a prova que Winston procurava para si. Havia algo podre na Oceania. Winston, que era curioso mas não era burro, joga o papel que podia incriminá-lo no buraco da memória. Revoltado, escreve no seu diário que liberdade é poder escrever que dois mais dois são quatro. As fábricas russas ainda contém placas com o lema: dois mais dois são cinco se o partido quiser.

Não era bem-visto que membros do Partido freqüentassem o bairro proletário. Winston estivera havia poucos dias no mesmo local para comprar seu diário. Depois de um costumaz bombardeio, Winston entrevista pessoas sobre como era a vida antes da guerra, mas os idosos não lembram mais, apenas futilidades e coisas pessoais. Ao voltar ao antiquário o propietário tem uma surpresa para o curioso por antiquidades. Winston esperava ver algum objeto anterior ao Partido, mas o que o sr. Carrrington lhe mostra é um quarto com arrumação e mobílias antigas. Sem teletelas.

Winston, ao sair do antiquário, vê uma mulher e desconfia que ela seja uma espiã da Polícia do Pensamento. No dia seguinte, a encontra no Ministério da Verdade, o que aumenta o seu temor em ser denunciado. Ao passar por Winston, ela simula uma dor para desviar a atenção das teletelas, e lhe passar um bilhete escrito: "Eu te amo".

As normas do Partido deixavam claro que membros do Partido, principalmente dos sexos opostos, não deveiam se comunicar a não ser a respeito de trabalho. Passaram-se semanas em conversas fragmentadas até conseguirem marcar um encontro num lugar secreto longe dos microfones escondidos. Winston só descobre seu nome após beijá-la. Júlia confessa que ficou atraída por Winston pelo seu rosto que parecia ir contra o partido. Estava na cara que Winston era perigoso à ordem e ao progresso.

Winston se surpreende ao saber que Júlia se 'apaixonava' com facilidade. O desejo dela era corromper o estado por dentro, literalmente. Para continuar seu romance com Júlia, Winston têm a idéia de alugar aquele quarto do antiquário.

Winston ficou impressionado e passou a acreditar que Júlia seria uma ótima companheira de guerra. Por enquanto, era a pessoa que Winston podia compartilhar seus sentimentos e secreções. Apaixonado, ele recupera peso e saúde. Enquanto isso, o partido organizava a "A Semana do Ódio " (paródia dos mega-eventos políticos, principalmente as Reuniões de Nuremberg promovidas pelo partido Nazista e das paradas militares comunistas) e algumas pessoas desapareciam. Syme, filologista que dedicava-se a finalizar a décima-primeira edição do Dicionário de Novilíngua, tornou-se impessoa. Seu nome não estava mais nos quadros. Nunca esteve.

Certo dia, O'Brien, um membro do Partido Interno, percebe também que Winston era diferente dos outros. O'Brien o convida, para despistar as teletelas, a ir ao seu apartamento ver a nova edição do dicionário de novilíngua. O convite de O'Brien era incomum e fez Winston se animar com a possibilidade de uma insurreição. Ele passa a crer que a Fraternidade não era apenas peça de propaganda, a organização anti-Grande Irmão responsável por todos os danos causados na Oceania tal qual Bola-de-Neve em a "Revolucão dos Bichos".

Winston leva Júlia ao encontro. Para espanto do casal, O'Brien desliga a teletela de seu luxuoso apartamento. Alguns integrantes do partido Interno tinham permissão para se desconectar de suas 'bandas-largas' por alguns instantes. Winston confessa seu desejo de conspirar contra o Partido, pois acreditava na existência da Fraternidade e para tal suas esperanças estavam depositadas em O'Brien. Os planos eram regados a vinho digno, artigo inviável para os integrantes do Partido Externo, e o brinde destinado ao líder da Fraternidade, Emanuel Goldstein. Dias depois, Winston recebe a obra política de Goldstein em seu cubículo.

Winston "devora" o livro enquanto Júlia não demonstra o mesmo interesse. Winston ainda acredita nas proles mesmo ao ver uma mulher cantando uma música pré-fabricada em máquinas de fazer versos. Nada muito distante da música atual. "Nós somos os mortos" filosofa Winston ao contemplar a vida simples da prole. A ignorância dos menos abastados não era perigo para o Partido e, portanto, não sofria tanta repressão quanto os membros, superiores e inferiores do Partido, a classe-média. "Nós somos os mortos" repete uma voz metálica. Sim, era uma teletela escondida atrás de um quadro. Guardas irrompem o quarto e Winston vai para uma cela, provavelmente, no Ministério do Amor.

Até as celas tinham teletelas que vigiavam cada passo de um Winston doente e faminto. Os prisioneiros têm a fisionomia dos do campo de concentração. Ao encontrar O'Brien, Winston que pensara que ele também fora capturado, escuta a frase mais enigmática do livro: "Eles me pegaram há muito tempo".

Winston vai para uma sala e O'Brien torna-se o seu torturador. O'Brien explica o conceito do duplipensar, o funcionamento do Partido e questiona Winston das frases de seu diário sobre liberdade. O'Brien não esquece o que o Winston escreveu. A liberdade é o tema para que O'Brien explique durante a tortura o controle da realidade. Se fosse necessário deveriam haver quantos dedos em sua mão estendida o partido quisesse. A verdade pertence ao Partido já que este controla a memória das pessoas. Winston, torturado e drogado começa a aceitar o mundo de O'Brien e passa ao estágio seguinte de adaptação que consiste em: aprender, entender e aceitar Winston sabia que já estava se adaptando e confessando que a Eurásia era inimiga e que nunca tinha visto a foto dos revolucionários. Mas ainda faltava a reintegração e este ritual de passagem só podria ser concluído no Quarto 101. Segundo O'Brien, o pior lugar do mundo.

O Quarto 101 é um inferno personalizado. Como Winston tem pavor de roedores, os torturadores colocaram uma máscara em seu rosto com uma abertura para uma gaiola cheia de ratos famintos separada apenas por uma portinhola. A única forma de escapar era renegar o perigo maior ao Partido, o amor a outra pessoa acima do Grande Irmão. "Pare. Faça isso com a Júlia." Grita Winston.

Winston, libertado, termina seus dias tomando Gim Vitória e jogando sozinho xadrez no Castanheira Café. Ao fundo, seu rosto aparece na teletela confessando vários crimes. Ele foi solto e teve sua posição rebaixada para um trabalho ordinário num sub-comitê. Trajetória de milhares de pessoas de regimes totalitários, como o tcheco Thomaz de "A Insustentável Leveza do Ser" de Milan Kundera, o caso do médico que vira pintor de paredes ao renegar as ordens do partido não é muito diferente daqueles que não se adaptam em suas profissões no mundo livre S/A.

Júlia escapa também do Quarto 101. O Partido os separou e os dois só voltaram a se encotrar ocasionalmente. Já não eram mais as mesmas pessoas. Tinham "crescido" e se traído. Wisnton, no Café Castanheira, sorri. Está completamente adaptado ao mundo. Finalmente ele ama o Grande Irmão.

Livro citado pelo autor do artigo:

• Livro 1984 - Edição Comemorativa - GEORGE ORWELL


Principais personagens: Winston Smith; Júlia; O'Brien; e Grande Irmão (Big Brother).
Outras personagens: Sr. Carrington; Parsons; Syme; Tillotson; Martin; Jones; Rutherford; e Mãe de Winston.
Características da obra: Novilíngua; As Teletelas; Divisão das classes; e O livro de Goldstein.
Adaptações : cinema e tv.

Saiba mais sobre o livro 1984 de George Orwell
Saiba mais sobre a Biografia de George Orwell
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Obras de George Orwell - Romances:
Dias na Birmânia - Burmese Days (1934)
A Filha do Reverendo - A Clergyman's Daughter (1935)
Mantenha o Sistema (O Vil Metal) - Keep the Aspidistra Flying (1936)
Um Pouco de Ar, Por Favor! (Na sombra de 1984) - Coming up for Air (1939)
A Revolução dos Bichos (O Triunfo dos Porcos) - Animal Farm (1945)
1984 (Mil Novecentos e Oitenta e Quatro) - Nineteen Eighty-Four (1949)

Obras de George Orwell - Não-Ficção:
Na Pior em Paris e Londres (Na Penúria em Paris e Londres) - Down and Out in Paris and London (1933)
A caminho de Wigan - The Road to Wigan Pier (1937)
Lutando na Espanha (Homenagem à Catalunha) - Homage to Catalonia (1938)

George Orwell - A Revolução dos Bichos



Uma parte que o texto de apresentação abaixo não dá tanta atenção, e que eu considero como uma das melhores do livro, é a reescrita constante das regras revolucionárias para adequa-las a fuga do caminho comunista, indo cada vez mais contra aquilo que foi pensando pelo Major. Conhecer essa deturpação da teoria marxista e marxiana(e isso implica conhecer a teoria marxista e marxiana) é vital para entender os erros da URSS , entender o porque ela foi uma experiência importantisssima, mas, que me desculpem os Stalinistas, que não corresponde ao comunismo.


Fonte do livro digitalizado: Não possuo a fonte
Fonte dos dados acerca do livro: A Revolução dos Bichos: Uma Análise da União Soviética Através da Literatura

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Por Luís Wilson

Introdução

Um dos grandes acontecimentos do século XX, as Revoluções Russas do início do século passado desembocaram numa das maiores alternativas históricas a um processo hegemônico de dominação, neste caso, o capitalismo liberal desenvolvido no século XIX.

A constituição da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) é até hoje motivo de muitos estudos e controvérsias, guiados, na maioria das vezes, pelo perfil ideológico da pessoa que aborda este tema. Para a maioria das vertentes de esquerda foi um sistema alternativo ao Capitalismo, constituindo um país mais justo onde o bem-estar geral é o que importa. Já para as vertentes de direita – principalmente com o fim da URSS em 1989 -, foi um monstro fora de controle que demonstra os perigos da ditadura da maioria, os malefícios de um governo totalitário e ainda a comprovação da falência de governos não-representativos.

Diante de tanta controvérsia e independente de que lado nos posicionamos, não podemos negar a importância deste processo e o exemplo que ele deu de possibilidade de desenvolvimento fora do capitalismo – deixando de lado, se foi bom ou ruim, certo ou errado.

A Revolução dos Bichos

A história dos animais que se rebelam contra a dominação do homem na fazenda Granja do Solar tornou-se célebre como uma das primeiras críticas ao regime soviético, tendo inclusive o ano de publicação inicial prorrogado, pois na época em que seria lançado – 1944 – a URSS era ainda aliada dos EUA e da Inglaterra na 2ª guerra mundial.

De uma forma direta, os principais agentes do processo estão representados nesta fábula. Podemos organizar da seguinte maneira:

Os teóricos da revolução

O porco Major é o mais velho e sábio entre os animais da fazenda, e sempre fala aos demais animais sobre o sonho que ele tem, onde os animais se governariam de igual para a igual, consumindo o que produzem. Segundo ele, o homem é o único ser que não produz o que consome, e logo, explora os demais animais para conseguir seu sustento, usando da força para conseguir se sustentar numa posição confortável. Caberia então aos próprios animais, conscientes disto, se rebelarem e assumirem o controle sobre as próprias vidas.

O velho Major é uma alusão clara aos teóricos do Comunismo e do Socialismo, principalmente Karl Marx. A parte sobre a produção dos alimentos e o consumo destes pelos humanos é, respectivamente, uma alusão clara ao problema dos meios de produção e dos modos de produção. Já os constantes discursos e reflexões proferidos pelo porco remetem à tentativa de introduzir, nos animais, consciência de classe, tirando-os do processo de alienação exercido pela burguesia (humanos). Assim como Marx, Major idealiza todo o processo, mas não vive para ver sua realização – e posterior deturpação, nas mãos do porco Napoleão.

Os organizadores da revolução

Os porcos Napoleão e Bola-de-Neve, por sua vez, são os que, a partir da morte do major, passam a organizar, secretamente, as reuniões para a organização da rebelião. A princípio unidos, após a revolução os dois tomam caminhos diferentes – o porco Bola-de-Neve pretende desenvolver cada vez mais a fazenda para diminuir o trabalho dos animais, consolidando a fazenda como um lugar próspero, servindo de exemplo às granjas vizinhas, sendo assim o centro de um processo muito maior que emanciparia todas as fazendas e granjas onde o animal era explorado. Já o porco Napoleão, que, apesar de inteligente, não tinha uma boa reputação quanto ao seu caráter, queria que os animais trabalhassem cada vez mais para consolidar o poder local na fazenda, tornando-a forte o suficiente para resistir a eventuais represálias dos humanos.

Esses dois porcos remetem a Trotski – que apoiava uma URSS direcionada à consolidação e à expansão do socialismo no mundo, e a Stálin – que via no desenvolvimento exclusivo da URSS o único meio de sustentar o sistema comunista. No livro, o porco Napoleão, em constantes desacordos com Bola-de-Neve, acaba dando um golpe e expulsando-o da granja, assumindo assim o posto de único líder dos animais.

A censura e a alienação

Temos, a partir daí, todo um processo de alienação dos demais animais, ilustrado principalmente pelo porco Garganta, descrito no livro como um animal que “Manejava a palavra com brilho, [...] era capaz de convencer de que preto era branco.” Isso remete a dois aspectos fortes no totalitarismo da União Soviética: a censura e a manipulação direcionada da mídia e a alienação e deturpação da memória coletiva. Os que eram contra, ou criticavam o sistema, eram expulsos ou executados. Assim, a geração posterior à da revolução, que já não gozava dos mesmos benefícios de seus pais, sempre ouvia as grandiosas histórias da revolução e de como antes era pior – e mesmo com a situação atual tão ruim como antes, o fato do governo ser exercido por um “camarada,” por um igual, sempre contava como fator decisivo para a idéia da superioridade da atual situação.

Os excluídos

A égua Mimosa que, por algum tempo após a revolução, foge da Granja para continuar sendo “paparicada” pelos humanos, demonstra a situação real de fuga de alguns setores sociais, que fugiram ao perder suas regalias – principalmente com a reforma agrária feita na URSS em agosto de 1917, onde se nacionalizou a terra. A égua, sempre fútil e preguiçosa, não resiste aos encantos do dono de uma granja vizinha, e um belo dia some, sendo avistada prestando serviços ao novo dono em outra fazenda.

Os agentes da revolução

O cavalo Sansão representa a real força da revolução. Animal mais forte e mais trabalhador, o problema de Sansão é sua dificuldade em aprender a ler, e em interpretar as idéias dos porcos. Sempre confiante em Napoleão, mesmo após a expulsão de Bola-de-Neve, nunca para de trabalhar, até que, um dia, adoece esgotado pela exploração de sua força de trabalho. Não podendo mais trabalhar, é mandado para um matadouro, para evitar as despesas com sua inatividade. Sansão é uma referência direta à classe camponesa – real força da revolução, mas que é mantida alienada após a revolução, manipulada pelo governo. Com o passar do tempo, recriam-se os mecanismos de domínio e de exploração, sempre em prol da nação, com a sobrevivência coletiva importando mais que a sobrevivência do indivíduo.

Troca-se a direção, mantém-se a exploração

Temos então, no fim do livro, a aparição dos porcos andando em duas patas, vestidos como humanos, morando na casa dos antigos donos e utilizando as coisas deles. Nas últimas páginas, um dos animais flagra uma reunião entre os donos de granjas vizinhas e os porcos. O animal então já não distingue mais quem é porco, quem é humano, ou seja, a revolução tomou um rumo tão ou mais cruel que o sistema anterior, baseado na perseguição dos mesmos objetivos das fazendas vizinhas, tornando os líderes tão sujos e corruptos quanto os humanos. Os sete mandamentos dos animais, inicialmente criados na revolução, são deturpados ao longo do tempo, e no final resumem-se em apenas um:

“Todos os animais são iguais, mas uns são mais iguais que os outros.”

A manutenção da alienação, a continuidade da exploração da maioria, a perseguição e o silenciamento da oposição e o desejo de se tornar maior e melhor que as outras fazendas (países), tendo em segundo plano o bem-estar coletivo, são a grande crítica ao totalitarismo soviético deixada por Orwell. Ironicamente, foi devido à tentativa de se tornar um potência nos moldes capitalistas, que a URSS acabou se desagregando.


Cronologia

1903: Nascimento de George Orwell

1917: -Março: Tzar Nicolau II é derrubado, constituição de um governo provisório eleito pela Duma e, numa série de cidades, dos conselhos de operários e de soldados/soviets

-Novembro: Partido Bolchevique toma o poder, comandado por Lênin, Trotski e

Stálin

1917-1924: Governo de Lênin

1922: George Orwell alista-se na Polícia Imperial Britânica

1924: Morte de Lênin;Stálin assume, progressivamente o poder, marginalizando Trotski e seus seguidores.

1924-1953: Governo de Stálin

1936: George Orwell participa da Guerra Civil Espanhola

1942: Orwell se alista no exército britânico na 2ª guerra mundial, mas é liberado no ano seguinte devido a problemas de saúde.

1944: Orwell tenta publicar A Revolução dos Bichos mas, devido à aliança da Inglaterra com a URSS, nenhuma editora aceita editar a história.

1945: Com o fim da 2ª guerra mundial, publica-se, afinal, A Revolução dos Bichos.

1949: Publicação do livro de Orwell que é considerado uma obra-prima da ficção: 1984

1950: Morte de George Orwell em Londres

1953: Morte de Stálin

Bibliografia

AARÃO Reis, Daniel. As revoluções russas e o socialismo soviético. São Paulo, EDUNESP, 2004.

DEUTCHER, I. Stálin, a História de uma Tirania. Rio de Janeiro. Civilização Brasileira, 2 vols., 1970.

FERRO, Marc. A revolução russa. São Paulo, Kairós, 1976.

MARX, Karl e ENGELS, F. O manifesto comunista.

ORWELL, George. A revolução dos bichos. Rio de Janeiro, Biblioteca O Globo, 2003.