sexta-feira, 23 de maio de 2008

Fiódor Dostoiévski


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Fiodor Mikhailovich Dostoievski foi uma das maiores personalidades da literatura russa, tido como fundador do Realismo.

Sua mãe morreu quando ele era ainda muito jovem e seu pai, o médico Mikhail Dostoievski, foi assassinato pelos próprios colonos de sua propriedade rural em Daravoi, que o julgavam autoritário. Esse fato exerceu enorme influência sobre o futuro do jovem Dostoiévski e motivou o polêmico artigo de Freud: "Dostoiévski e o Parricídio".

Em São Petersburgo, Dostoiévski estudou engenharia numa escola militar e se entregou à leitura dos grandes escritores de sua época. Epilético, teve sua primeira crise depois de saber que seu pai fora assassinado. Sua primeira produção literária, aos 23 anos, foi uma tradução de Balzac ("Eugénie Grandet"). No ano seguinte escreveu seu primeiro romance, "Pobre Gente", que foi bem recebido pelo público e pela crítica.

Em 1849 foi preso por participar de reuniões subversivas na casa de um revolucionário, e condenado à morte. No último momento, teve a pena comutada por Nicolau 1o e passou nove anos na Sibéria, quatro no presídio de Omsk e mais cinco como soldado raso. Descreveu a terrível experiência no livro "Recordações da Casa dos Mortos" e em "Memórias do Subsolo".

Suas crises sistemáticas de epilepsia, que ele atribuía a "uma experiência com Deus", tiveram papel importante em suas crenças. Inspirado pelo cristianismo evangélico, passou a pregar a solidariedade como principal valor da cultura eslava. Em 1857 casou-se com Maria Dmitrievna Issaiev, uma viúva difícil e caprichosa. Dois anos depois retornou a Petersburgo. Em 1862 conheceu Polina Suslova, que viria a ser o seu romance mais profundo. Em 1864, viúvo de Maria, terminou seu caso com Polina e em 1867 casou-se com Anna Snitkina.

Entre suas obras destacam-se: "Crime e Castigo", "O Idiota", "O Jogador", "Os Demônios", "O Eterno Marido" e "Os Irmãos Karamazov".

Publicou também contos e novelas. Criou duas revistas literárias e ainda colaborou nos principais órgãos da imprensa Russa.

Seu reconhecimento definitivo como escritor universal surgiu somente depois dos anos 1860, com a publicação dos grandes romances: "O Idiota" e "Crime e Castigo". Seu último romance, "Os Irmãos Karamazov", é considerado por Freud como o maior romance já escrito.

Dostoiévski, Heidegger, Técnica e Ética

Fonte do artigo digitalizado: UFSC

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Dostoiévski, Heidegger, Técnica e Ética
Claudia Drucker
Universidade Federal de Santa Catarina

Dostoiévski e Heidegger não tentaram escrever uma teoria contemporânea nem do dever, nem da virtude. Talvez por isso, freqüentemente são apontados como exemplos de niilismo e fracasso moral. Mas a deficiência que Dostoiévski vê na ética do seu tempo é semelhante à que Heidegger encontra em todo pensamento que não leva a técnica em consideração. A ética é uma forma do niilismo. Na melhor das hipóteses, ela não dá uma resposta adequada para as questões mais importantes. Na pior, é ditada pela essência da técnica.

Dostoiévski - Os Irmãos Karamazov - 1879


Fonte do livro digitalizado: Projeto Democratizacao da Leitura

Fonte dos dados acerca do livro: Crítica Literária

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Sem dúvida um dos melhores, senão o melhor, romances que eu já tive o prazer de ler. Num dos trechos do livro Ivan questiona o porquê de deus permitir o sofrimento de uma criança(que ele, assim como eu, acredita ser inocente), ao ler tal trecho me senti "roubado", era como se Dostoiévski tivesse lido minha mente e colocado meus pensamentos na boca do Ivan ...

O mistério da existência

por Tiago Ferreira

Este foi o último grande romance de Dostoiévski (1879-1880), terminado pouco tempo antes da sua morte, em São Petersburgo (1881). Faz parte das sua obras maiores, juntamente com Crime e Castigo (1886), O Idiota (1868) e Os Possessos (1871-1872), todas elas escritas na fase final da vida, sem dúvida mais produtiva.

Radicalismos da boemia, impulsão dos sentimentos individuais, infortúnio dos pensamentos sociais, repúdio aos excessos moralistas da humanidade. Podem parecer retratações perturbadoras e conflitantes na mente de um único ser. Mas se quer encontrar todas essas indagações existencialistas e as contradições psicológicas que permeiam o cérebro humano, basta pegar em mãos o livro Os Irmãos Karamazov, complexo romance de Fiódor Dostoiévski.

Publicado dois anos antes da sua morte (1879), Os Irmãos Karamazov tem sua narrativa centralizada no ato do parricídio. Ação é conseqüência do pensamento. E, mesmo negando a acepção de psicólogo que muitos leitores e apreciadores de sua obra denominam, Dostoiévski traça um perfil minucioso, sem ser muito intricado, de cada personagem que faz parte do romance.

Fiódor Pávlovitch Karamazov é um velho sedutor e estúpido que não segue regras morais e só pensa na satisfação de seus desejos individuais. É pai de três filhos, dos quais nem dava atenção, chegando a cair no esquecimento da existência deles no período de suas infâncias.

Ivã Karamazov, filho mais velho, é o mais inteligente e questionador, porém ao mesmo tempo negligente e amoral. Tanto que é autor de ‘O Grande Inquisidor’, artigo que contesta a ideologia moralista e rompe as barreiras psicológicas da ‘normalidade’, indagando a inexistência de um ser superior. ‘Se Deus não existe, tudo é permitido’ é a finalidade de seu pensamento. Argumento que Smierdiákov toma como ponto de partida para cometer o assassínio de Fiódor Pavlovitch, que não o reconhecera como pai.

Aliéksiei Fiódorovitch Karamazov e Dmítri Karamazov são os outros dois filhos do velho boêmio. Aliéksiei, tratado como Aliócha no romance, é o mais novo e viveu grande parte de sua vida em um mosteiro, tendo como mentor um ancião moribundo e religioso. Aliócha é o personagem ‘heróico’, como alega Dostoiévski no prefácio de seu livro; apóia os irmãos, ajuda quem precisa e crê no divino. Apesar de grande fé, não contraria o niilismo de Ivã e acredita na inocência de Dmítri, culpado de assassinar o pai por disputarem o amor de Grúchenchka, que brincava com o sentimento de ambos.

A discussão do romance vai da existência individual no mundo à crítica ao pensamento hegemônico da sociedade. Cada personagem possui divergentes temperamentos e interesses, sem deixar de terem o tratamento dostoievskiano – entenda-se dramas mentais, capacidade analítica de interpretarem o cotidiano às suas maneiras, sutil perspicácia e vítimas de uma moral dominante.

Dostoiévski dá bastante importância às realidades dos irmãos Ivã, Dmítri e Aliócha a ponto de separar exclusivos capítulos retratando fatos que os permeiam, a influência de determinadas personagens e pensamentos em suas vidas e o temperamento situacional de cada um. Dmítri é impulsivo e violento. Aliócha, têmpero e complacente. Já Ivã, cético e imparcial.

No momento da morte de Fiódor Pávlovitch, Dostoiévski traça minuciosamente a chegada de seu filho Dmítri à sua casa, desenvolvendo o longo da romance até o fato transparecendo a teoria de sua culpabilidade no crime, mas sem deixar comprometedores vestígios de quem realmente foi o assassino. O escritor brinca com a narrativa, mesclando distúrbios interiores do ser humano com uma cronologia similar aos romances policiais, onde permanece o mistério do assassinato.

A complexidade de Os Irmãos Karamazov não está no grande número de acontecimentos sucessivos, mas na perspectiva ideológica de cada personagem, como encaram a realidade em que vivem e o sincretismo egocêntrico individual, que mistura a homogênea ideologia do público com a heterogeneidade particular.

O resultado dessa vasta síntese é uma estória atrativa que desloca uma linear corrente de pensamento, suscitando uma inevitável redargüição da família e religião, moral e ética, crime e punição, sendo contemporâneo sem deixar de ser clássico. Os Irmãos Karamazov, realista do começo ao fim, é uma obra tão ampla quanto a nossa existência. Não é a toa que é tido pelo gênio da psicanálise Sigmound Freud como “a maior obra de todos os tempos”.

Dostoiévski - O Grande Inquisidor - 1879


Fonte do livro digitalizado: Projeto Democratizacao da Leitura

Fonte dos texto acerca do livro: Vida Acadêmica

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Para esse livro/trecho selecionei um texto do Ricardo Gondim, evangélico que se desencantou com o "mundo evangélico" e desde então vem denunciando o circo que muitos líderes religiosos fazem nas suas "igrejas".

Como aprendi a gostar de Dostoiévski - 2/5/06

por Ricardo Gondim

Falaram-me bem do romancista russo Fiódor M. Dostoiévski, e eu, curioso, comprei Os irmãos Karamázov. A princípio, não acostumado aos nomes dos personagens, não gostei da narrativa. Mas logo, deliciei-me com Dostoiévski e, hoje, o considero um dos maiores escritores de todos os tempos.

Ivan, o personagem agnóstico da família Karamázov, era um grande inimigo do cristianismo. Para enriquecer seus argumentos e contestar seu irmão Aliócha, um crente genuíno, ele criou a historieta do Grande Inquisidor. Ivan imaginou Cristo voltando à terra pela segunda vez em Madri, durante a Inquisição.

Enquanto Jesus operava milagres curando e ressuscitando mortos, o cardeal da cidade, o Grande Inquisidor, reconheceu o Senhor e o prendeu. Na penitenciária, questionou Cristo para saber por que ele voltara. O diálogo tornou-se tenso e cheio de revolta: "És Tu, és Tu?". Não recebendo resposta, acrescentou rapidamente: "Não digas nada, cala-te. Aliás, que mais poderias dizer? Sei demais. Não tens o direito de acrescentar uma palavra mais ao que já disseste outrora. Por que vieste estorvar-nos?".

O sacerdote extravasou sua ira porque Cristo havia proposto uma liberdade diferente da pregada pela igreja. Raivoso, alegou que "foram necessários quinze séculos de rude labor" para restaurar o estrago feito por Jesus e devolver aos homens o que ele considerava a verdadeira liberdade. Diante de Cristo manietado, continuou mostrando que a religião possuía uma liberdade maior que a de Jesus: "Fica sabendo que jamais os homens se acreditaram tão livres como agora, e, no entanto, eles depositaram a liberdade humildemente a nossos pés". O Grande Inquisidor, a seguir, passou a ensinar para Jesus que seu maior erro foi acreditar que os seres humanos valorizam o livre-arbítrio. A igreja teria corrigido essa falha. Tanto ele como seus colegas de sacerdócio vinham se esforçando por suprimir a liberdade proposta por Jesus com o propósito de tornar os homens mais felizes.

O Grande Inquisidor acusou Cristo de haver fracassado na tentação do deserto. Ele só recusara a proposta do Diabo de transformar pedras em pão (Mt 4.1-11) para não privar a humanidade de experimentar verdadeira liberdade. Caso ele operasse o milagre, os homens teriam obrigação de se tornarem seus discípulos, pois a sobrevivência humana dependeria de futuras intervenções divinas. Jesus achava que estaria comprando a lealdade de seus seguidores a preço de pão. E a acusação do Inquisidor concentrou-se em mostrar a inutilidade dessa opção do Senhor, pois as pessoas não querem viver livres.

O Grande Inquisidor usa do mesmo argumento quando afirma que Cristo errara ao abdicar à prerrogativa de pedir que Deus o livrasse fazendo-o aterrissar suavemente caso se jogasse do pináculo do templo. Segundo o algoz sacerdote, era vão querer discípulos por amor. As pessoas desejam seguir a Deus em troca de milagres e maravilhas. Elas negociariam a liberdade pela segurança de um mundo previsível, sempre controlado pela constante intromissão de Deus.

O religioso ainda declara que Cristo cometera um monumental deslize ao recusar a oferta do Diabo de conquistar os reinos do mundo. Bastava que ele o adorasse por um instante e não haveria mais guerras, fomes ou injustiças no planeta. Os reinos pertenceriam a ele e a ordem estaria segura.

Ao ler Dostoiévski percebo tanto a universalidade como contemporaneidade de seu pensamento. A religião anda na contramão do ensino de Jesus quando promete um mundo sem percalços e sempre previsível. Quando Os irmãos Karamázov foi escrito, essa teologia utilitária, que promete dourar a pílula da vida, ainda não se difundira tanto, mas foi amplamente denunciada. Jesus não quer ser amado pelo que dá, mas por quem ele é.

Os evangélicos brasileiros precisam acordar para o cerne do Evangelho que não promete um mundo seguro, sem perigos e livre de sofrimentos. A boa notícia é que o Senhor se dispõe a nos acompanhar em qualquer circunstância. Ouve-se, com freqüência, entre os evangélicos que Deus dará tudo o que seus filhos pedirem se, prostrados, o adorarem. Cuidado! Essa frase foi proferida por Satanás.