sexta-feira, 2 de maio de 2008

Homem Primata .... Capitalismo Selvagem


Quem já leu Crônica de uma Morte Anunciada conhece a sensação de dejavu e impotência que mais essa crise trás : vem teoria, vai teoria e as contradições acabam por gerar mais um colapso que fatalmente terá suas conseqüências nefastas socializadas, sem que o mesmo tenha ocorrido com suas benesses.

E antes que os touros que não podem ver algo vermelho tremam de fúria e indignação devo lembrar-lhes que não foi só o tio Marx que avisou sobre as conseqüências de deixar o capital livre leve e solto, Keynes e outros doutores do capitalismo também já se pronunciaram sobre ...


Digitalizado por: Compartilhando e criando informação

Links Le Monde:

  • 09/2007 - O eterno retorno da crise financeira - cbr - pdf
  • 03/2008 - De ventaval a furação - cbr - pdf
Links Carta Capital:
  • 22/08/2007 - A bolsa pede piedade - cbr - pdf
  • 22/08/2007 - É capitalismo, estúpido - cbr - pdf
  • 22/08/2007 - O rescaldo na periferia - cbr - pdf
  • 29/08/2007 - Prejuízos socializados - cbr - pdf
  • 23/01/2008 - Em areia movediça - cbr - pdf
  • 23/01/2008- Papai Estado nos salvará - cbr - pdf


Carta Capital e Le Monde estão fazendo uma cobertura muito boa, já digitalizei boa parte das reportagens, em breve disponibilizarei as restantes.

“Hegel, há dois séculos, deplorava a incapacidade crônica dos Estados de aprender com as experiências da história. Os governos não são os únicos poderes incapazes de aprender. O capital - notadamente o financeiro - também parece condenado à perseverança no erro, à aberração recorrente e ao eterno retorno da crise financeira. Apesar de relativa a novos objetos", a atual crise dos mercados de crédito permite entrever, uma vez mais, os ingredientes quimicamente puros do desastre, oferecendo a quem quiser ver uma ocasião a mais para meditar sobre as "benesses" da liberalização dos mercados de capitais.

É que a crença financeira não se dissipa com facilidade e, logo ela, que se vangloria de ser a encarnação do princípio de realidade, que submete as empresas tão-somente à "validação dos fatos", segundo os critérios do "reporting" (prestação de contas trimestral) e do "track record" ("histórico" de desempenho), continua asininamente ignorante disso que a história recente - sua própria história - lhe entrega de bandeja, embora de modo acachapante. É que, na verdade, o "track record" da liberalização financeira não goza de boa reputação... Não podemos nos esquecer de que, desde que ela passou a imperar, tem sido difícil passar mais de três anos seguidos sem um incidente de envergadura - quase todos poderiam figurar nos livros de história econômica: 1987, quebra memorável dos mercados de ações; 1990, quebra dos "junk bonds" ("títulos podres") e crise das "savings and loans" (financeiras de poupança e empréstimos) americanas; 1994, quebra dos titulares de debêntures americanos; 1997, primeira fase da crise financeira internacional (Tailândia, Coréia, Hong-kong); 1998, segunda fase (Rússia, Brasil); 2001-2003, estouro da bolha da Internet.


E aqui estamos nos em 2007. Leitura dos devotos: a globalização é auspiciosa, mas dolorosa ...”.. No Lê Monde, Pierre-Antoine Delhommais deleita-se com a resistência da besta diante de tantos choques de vulto, que nos fizeram questionar, em cada episódio, se não acabariam por matá-la - que, a cada vez, não só se reergue, como também volta a andar com ânimo renovado. O fato é que não devemos nos surpreender com ele. Ti­rando o fato de que o jornalista esquece o quanto custou aos assalariados, em cada uma daquelas ocasiões, pagar a conta da em­briaguez financeira. Pois, invariavelmente, a degringolada dos mercados atinge os bancos, portanto o crédito, em seguida os investimentos, o crescimento... e o emprego.

Seria necessário quem sabe a aquisição de seu jornal por um fundo de investimentos um pouco impiedoso para que, ao viver a experiência concreta do "downsizing" ("en­xugamento"), Delhommais se visse mais impelido a calcular o acúmulo de pontos de crescimento perdidos e de empregos des­truídos em função das práticas do mundo financeiro e (mais ainda) de suas crises - e que as "dores" da globalização lhe fossem pessoalmente penosas para que ele deixasse de considerá-la "auspiciosa".

A crise dos mercados de crédito que cas­tiga a economia americana oferece, porém, um panorama quase ideal dos encadea­mentos fatais da especulação desenfreada. Como em uma parada, desfilam novamen­te as toxinas gerais do mundo financeiro, sempre as mesmas e numa ordem absoluta­mente idêntica: 1) as tendências "Ponzi" da especulação; 2) o laxismo da avaliação de riscos na fase de alta do ciclo financeiro; 3) a vulnerabilidade estrutural a uma pequena mudança de ambiente e o efeito catalítico de um enfraquecimento local, que precipita a reviravolta; 4) a revisão imediata das esti­mativas; 5) o contágio lateral das dúvidas a outros setores do mercado; 6) o choque dos bancos excessivamente expostos; 7) a ameaça de um acidente sistêmico, ou seja, de um colapso global, seguido de recessão generalizada por estrangulamento do crédito... e um pedido de socorro aos bancos centrais feito por todos os fanáticos da livre iniciativa privada ...

Le Monde Diplomatique Brasil Setembro de 2007 – baixe a matéria completa, com a explicação de cada um desses sete fatores