sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Correção dos links A ditadura militar no Brasil - 4

Os links do fascículo 4 foram corrigidos.

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terça-feira, 28 de outubro de 2008

A ditadura militar no Brasil - 7 - Governo Médici II (1969-1974) - A Tortura




Houve uma época em que Milagre exigia fé, e a fé exigia sangue e sacrifício dos ateus

Fonte: Extraído da "Coleção Caros Amigos - A ditadura militar no Brasil - A história em cima dos fatos" fascículo 7
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Introdução

Terror Estatal - Soltaram os dobermans

A escolha de Médici como sucessor de Costa e Silva mostrou que a linha dura havia dominado o governo. Em debate secreto no senado americano, ele logo recebe aprovação dos republicanos, mais à direita, e democratas - como Willians Fulbright, que “engoliu” a qualificação do diretor da CIA Richard Helms, de que o Brasil havia uma “ditadura consentida”. Médici recebeu aprovação também da OPS(Seção de Segurança Pública, na sigla em inglês). A OPS-Brasil “confiava” que Médici promoveria a “segurança interna”, pois até já havia nomeado, para Ministro da Justiça, um duro “no trato com elementos subversivos e criminosos”: Alfredo Buzaid.

Com tais costas quentes, o governo Médici vai cair matando em quem quer que ouse abrir a boca contra a ditadura, quanto mais quem exercer oposição armada. Instituirão como política de Estado a tortura, que espalha terror. Não hesitarão em aterrorizar crianças, estuprar mulheres. Um militar treinou seu cão para morder os testículos dos presos. Outro, o Risadinha, torturava dando risadas. Não houve baixeza humana que esquecessem. Um general que comandou o Dói-Codi do Rio, Adyr Fiúza de Castro, dirá sobre aquele tipo de gente, que ele próprio comandou:

“É tudo como cachorro bravo doberman. E o doberman tem-se que manter na trela, porque se o largar ele vai atacar até gente de casa”.

A sensação de quem viveu na época é de que não só havia dobermans à solta, mas também eram incitados a exercer seus instintos assassinos.

Auschwitz, DOPS, DOI-CODI, Abu-Grab, Guantánamo - Os autores de atrocidades como estas têm algo em comum



Eles fazem questão de registrar o resultado de seu trabalho

Resumo

  • Tortura como método - Era perigoso ter razão
  • Ela vira rotina nos porões da ditadura
  • Damáris Lucena - Não conseguiram endurecer-lhe a alma
  • Morto na frente da mulher e filhos
  • "É terrível parece que vai endurecendo os ossos"
  • "Eram uns ignorantes, uns estúpidos"
  • Alexandre Vannucchi Leme - "Depois que se perca tempo e um novo tempo amanheça"
  • Um amigo sobreviveu para contar
  • Apanharam a noite inteira nus - Puseram Adriano na mesma cela que o amigo tinha ocupado
  • Livro negro da ditadura militar - O jornalismo exercido sobre permanente risco de vida
  • Militantes se perdiam um dos outros por meses
  • Revolução tem dessas coisas: uísque paga conserto
  • Stuart Edward Angel Jones - Assasinado num ritual monstruoso
  • Encontro marcado com a morte
  • Agora, ia valer tudo
  • "Se eu aparecer morta ..." - Zuzu Angel
  • Quarenta liberados vão para a Argélia
  • Nas mãos de Fleury
  • Eduardo Leite, o Bacuri - Vida violenta, morte selvagem
  • Olhos vazados, orelhas decepadas
  • Rubens Paiva - Tentaram encobrir o assasinato, em vão
  • Cartas do Chile selam o destino do ex-deputado
  • "Mancada": era só para torturar, matar não
  • Resgate de mentira
  • Auschwitz, DOPS, DOI-CODI, Abu-Grab, Guantánamo - Os autores de atrocidades como estas têm algo em comum: Eles fazem questão de registrar o resultado de seu trabalho
  • José Adolfo de Granville Ponce - "A guerrilha foi a esperança do século 20"
  • Carlos Marighella era "admirável"
  • "O mal que causaram"
  • A sensação era a morte
  • "Eu me considero bem torturado"
  • Contracultura - No auge da ditadura, a contestação inclui sexo e drogas
  • Versus - Como acabar com um jornal: pôr na mão de ativistas políticos
  • Comunista desde criancinha
  • Antônio Narciso Pires de Oliveira - Um ex-torturado solidário com os ex-torturados
  • Saiu da cadeia sem perspectiva alguma
  • O torturado tem sequelas mesmo que não admita
  • Ivan Seixas - Da cela, a mãe ouviu o marido ser torturado até a morte
  • Aluízio Palmar - "Atravessei a baía algemado a uma barra de ferro do helicóptero"
  • Virgílio Gomes da Silva - Comandante Jonas, o primeiro desaparecido
  • Rose Nogueira - "Não há como perdoar"

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

A ditadura militar no Brasil - 6 - Governo Médici I(1969-1974) - O Milagre




No momento que a discussão sobre a correta interpretação sobre a Lei de Anistia ganha cada vez mais atenção, num momento que os golpistas do passado discursam no Clube Militar evocando teses estapafúrdias e/ou golpistas a leitura desse especial é extremamente oportuna, devemos estar preparados, sem sermos alarmistas, para as tentativas de dar luz a farsa.

Com vocês o Milagre do Médici ou
Milagre de Fausto.

Fonte: Extraído da "Coleção Caros Amigos - A ditadura militar no Brasil - A história em cima dos fatos" fascículo 6
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Introdução

Milagre e Crueldade

Vimos até aqui como altas patentes militares e líderes civis de direita conspiraram para tomar o poder pela força desde o pós-guerra. Formados os militares golpistas em academias norte-americanas, alinhavam-se às teorias da Guerra Fria, basicamente duas: 1 - Mundo bipolar, ou seja, comunismo versus capitalismo, "cortina de ferro" ou "mundo livre", bloco socialista ou "civilização cristã
ocidental", União Soviética ou Estados Unidos; 2 - existente em cada país um "inimigo interno": o comunista, o socialista ou toda pessoa que não reze pela cartilha de Washington.

Vimos como os golpistas estiveram perto do êxito em 1954, mas se viram frustados pelo supremo ato político do presidente Getúlio Vargas ao meter uma bala no próprio coração. Tinham acuado Vargas depois que seu arquiinimigo Carlos Lacerda sofreu um atentado, no qual havia indícios de participação da guarda do palácio presidencial.

Adiado o golpe, tentariam dá-lo em 1955, alegando que nas eleições presidenciais JK não havia obtido "maioria absoluta"; tentariam em 1961, quando Jânio renunciou e queriam impedir o vice, Jango, de tomar pose. E, depois de bem engendrada campanha, com ajuda dos meios de comunicação, dariam o golpe em 1964.

Vimos como os próprios generais vitoriosos reconheceram que não tinham um "projeto", moviam-se apenas pelo anticomunismo; e contra um presidente nada comunista - Jango, estanceiro rico, apenas tendia a adotar políticas sociais e nacionalistas. Mas, depois de um início atropelado, a ditadura militar, graças a várias circunstâncias, produziou um período de desenvolvimento conhecido como o milagre econômico, geralmente associado ao governo Médici, o mais cruel da ditadura militar.

Resumo

  • Ilha de tranquilidade: Médici via o noticiário na TV e dormia bem
  • Dorou pouco, o povo nem teve tempo de ver
  • Carlos Marighela: Emboscada em dia de clássico para matar o inimigo númeroo 1 da ditadura
  • Último direito: um tiro de misericórdia
  • Levava cianureto para matar-se caso o prendessem
  • Ironia da história: três policiais da operação fatal tiveram fim trágico
  • Todos os homens do ditador - 1: Médici entra falando em democracia mas prepara a borduna
  • O Estado começa a institucionalizar a tortura
  • Tragicomédia: Ditadura fora da lei inventa decreto secreto e fica dentro da lei que ninguém conhecia
  • Todos os homens do ditador - 2: Serviços de Informações, a alma do sistema
  • Centro de informações é bom: cada arma montou o seu
  • Caso Parasar: coisa de demente
  • Todos os homens do ditador - 3: O coronel Costa e Silva queria na presidência Andreazza, tinha vocação para faraó, mais tocador de obras que ministro
  • Transamazônica: A estrada mais inútil da história
  • Ponte Rio-Niterói: Faltou a Andreazza a ponte para a presidência
  • Uma saga: jornalistas fora da grande imprensa sobrevivem
  • Vai para a banca ou não vai?
  • "Ou param ou não respondo pela integridade física de vocês"
  • O triste fim de Doçura
  • Às Armas: Ditadura cortou toda a prossibilidade de contestação democrática; As Esquerdas acabaram "obrigadas" à luta armada
  • A direita age acobertada
  • Do campo para as cidades: Lamarca se guia pela "teoria do foco"
  • A VPR cai numa armadilha e desaparece
  • Fuga desesperada: um tiro no rosto do capitão, um mês depois morte de Iara
  • Chega de passeata: Caparaó anunciou a luta armada no campo
  • Régis Debray - Foco: revolução dentro da revolução?
  • Sem um programa que não fosse derrubar Jango, os golpistas entregaram a economia às piores mãos dispníveis no momento
  • Imposição do FMI
  • Onda de sequestros: 1970 - com os companheiros e companheiras nas mãos dos torturadores, os guerrilheiros se desesperaram. Inspiraram-se no bem sucedido seqëstro do embaixador americano
  • 1 Cônsul do Japão, não estava nos planos
  • 2 Embaixador Alemão, em plena Copa do Mundo
  • 3 Embaixador Suíço, festa e simpatia
  • Seqüestro de avião: Ação perigosa, de altíssimo risco
  • O salvador desaparecia
  • A fúria da censura: Só cantando como Chico Buarque: "chame o ladrão!"
  • Incra: datilógrafa se engana e cria o maior latifúndio do mundo
  • Embraer: A Aeronáutica queria voar e caçar comunistas
  • Funai: Matar se preciso for...
  • Mobral: Alfabetização a serviço do "desenvolvimento" e do conformismo
  • Tio Sam fecha o cerco: O democrático Chile entra em dezessete anos de terror
  • Médici, primeiro a reconhecer Pinochet
  • Diplomatas de dedo duro
  • Espionavam até colegas
  • A ditadura é obrigada a admitir que há uma guerrilha no Araguaia
  • Sob censura a imprensa não sabe que militarem caçam guerrilheiros
  • Os primeiros a "cair"
  • Igreja versus ditadura: apoiram o golpe e sofreram na carne as conseqüências
  • Um atentado diabólico

segunda-feira, 21 de julho de 2008

A ditadura militar no Brasil - 1 - A noite do Golpe


Cumprindo mais uma promessa eis o início da Longa Noite ....

E sempre que ouvir algum jornalão, emissora ou setores organizados da sociedade civil(leia-se igrejas) criticando ou denunciando a ditadura, lembre-se de quem foram os seus apoiadores ....


Fonte: Extraído da “Coleções Caros Amigos – A ditadura militar no Brasil – A historia em cima dos fatos” fascículo 1
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Introdução


Um Livro-Documento


Esta é a segunda coleção de fascículos Caros Amigos. A primeira foi Rebeldes Brasileiros - Homens e Mulheres que Desafiaram o Poder.

A proposta, tanto da primeira quanto desta segunda coleção, é mostrar episódios e personagens da história do Brasil a partir de nosso ponto de vista. Que difere substancialmente do encontrado em trabalhos semelhantes publicados pelas editoras grandes de revistas e jornais, mesmo porque elas defenderam e defendem a elite econômico-financeira que sempre dominou o poder e que não admite qualquer projeto de reforma institucional que possa ameaçar seus privilégios. Como aconteceu no episódio que vamos contar nesta série de fascículos, como aconteceu em episódios anteriores e como pode acontecer cada vez que um governo propuser mudanças estruturais ao país.

No caso, as editoras grandes apoiaram vigorosamente o golpe de Estado que inaugurou o longo período chamado "anos de chumbo", a ditadura militar que durou 21 anos, de 1964 a 1985.

A presente coleção, dividida em doze fascículos que irão para as bancas e livrarias de quinze em quinze dias, descreve em detalhes as diversas fases daquele governo de exceção, a partir da noite de 31 de março de 1964 até a entrega da faixa presidencial a José Sarney, em 15 de março de 1985, após tumultuado processo que culminaria com a volta ao Estado de direito.

O leitor encontra na contracapa desta edição o Plano da Obra, isto é, o tema de cada um dos doze fascículos e a ordem em que serão publicados.

Por último, mas muito importante: juntamente com a edição número 6, será oferecida aos leitores, nas bancas e livrarias, gratuitamente, a capa dura para aqueles que desejarem encadernar os fascículos, formando um livro. Daí a numeração das páginas não recomeçar a cada edição, mas seguir da página l até a página 384. Um volumoso e, modéstia à parte, valioso documento.


Resumo:

  • Noite de 31 de março
  • A toque de caixa a sublevação, a queda, o novo governo
  • A vaca fardada
  • Foi a pior noite da minha vida
  • Um jornalismo que nunca mais ressurgiu
  • O homem da caixinha
  • O corvo conspirador
  • O banqueiro que quebrou
  • Um mestre no ofício de torturar chega ao Brasil
  • A escola superior mais atingida
  • Os grandes jornais comemoraram
  • O golpe se autoplocama uma "revolução"
  • Juristas dão força à força
  • O AI-1 instaura a ditadura
  • Dinheiro aprovado para Goulart ia para os adversários
  • Como a imprensa americana noticiou os acontecimentos no Brasil
  • No melhor calabouço, temperatura acima de 50 graus
  • Família que reza unida, permanece unida
  • Revista Pif Paf cutucou a ditadura com vara curta, morreu
  • O jogo da democracia
  • Tudo sobre controle (dos Estados Unidos)
  • E Jango estava bem no Ibope

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Ensaio sobre o Ateísmo




Autor: Michael Martin
Texto originalmente publicado em: ateus.net

Texto para aprofundar a leitura dos artigo "O ateísmo e seus fundamentos" e da matéria: "100 anos de SARTRE, o pensador do existencialismo ateu" presente na revista Discutindo Filosofia 1, disponível aqui no blog.

Ateísmo é a negação ou a falta da crença na existência de deus(es). O termo ateísmo vem do prefixo grego “a-”, significando “ausência”, e da palavra grega theos, significando “divindade”. A negação da existência de Deus é conhecida como ateísmo “ativo” ou “forte”; a simples descrença é denominada ateísmo “passivo” ou “fraco”. Apesar de o ateísmo ser freqüentemente visto como algo distinto do agnosticismo – visão segundo a qual não podemos saber se uma divindade existe ou não, mantendo uma posição neutra sobre o assunto –, ele é compatível com o ateísmo “passivo”.

O ateísmo possui uma vasta quantidade de implicações à condição humana. Com a ausência da crença num deus, as questões éticas devem ser determinadas em função dos objetivos e preocupações humanas, cabendo a nós assumir responsabilidade total pelo nosso destino. A morte, nessa visão, marca o fim da existência de um indivíduo.

Em 1994 estimava-se que havia aproximadamente 240 milhões de ateus no mundo – cerca de 4% do total –, incluindo aqueles que professam o ateísmo, o ceticismo, a descrença ou que opõem-se à religião. A porcentagem estimada aumentou significantemente, sendo atualmente algo em torno de 21% da população mundial (se ateus “passivos” forem incluídos).

O Escopo do Ateísmo

Em tempos antigos, pessoas utilizavam ocasionalmente a palavra “ateísmo” como uma ofensa às posições religiosas de seus opositores. Os primeiros cristãos eram chamados de ateus porque negavam a existência das divindades romanas. Ao longo do tempo muitos mal-entendidos surgiram: que os ateus são imorais, que a moralidade não pode ser justificada sem a crença em um deus, que a vida não tem sentido sem um criador. Apesar dessa visão ser bastante difundida, não há evidências de que ateus são menos morais que os teístas. Muitos sistemas morais foram criados sem pressupor a existência de um ser sobrenatural. O “sentido” da vida humana pode basear-se em objetivos terrenos, como melhoria da humanidade.

Na sociedade ocidental o termo ateísmo foi utilizado mais especificamente para designar a negação do teísmo, particularmente o judaico-cristão, que afirma a existência de um Deus pessoal todo-poderoso, todo-sabedoria e todo-bondade. Esse ser criou o Universo, preocupa-se ativamente com problemas humanos e guia sua criação através da revelação divina. O ateísmo “ativo” rejeita esse Deus e as crenças a ele associadas, como a na vida pós-morte, na predestinação, nas origens sobrenaturais do Universo, nas almas imortais, na revelação da natureza divina através da Bíblia e do Corão e na fundamentação religiosa da moral.

O teísmo, entretanto, não é um componente de todas as religiões. Algumas rejeitam o teísmo, mas não são inteiramente atéias. Apesar do Bhagavad-Gita – escritos sagrados do hinduísmo – ser totalmente fundamentado em tradições teísticas, escritos hindus mais antigos – conhecidos como os Upanishads – ensinam que o Brahman (a realidade última) é algo impessoal. O ateísmo “ativo” rejeita até os aspectos panteístas do hinduísmo, que igualam Deus ao Universo. Várias outras religiões orientais, incluindo o budismo theravada e o jainismo, são comumente vistas como crenças ateísticas, mas essa interpretação, a rigor, não é correta. Tais religiões rejeitam a idéia de um Deus criador do Universo como defendido pelo teísmo, mas admitem numerosos outros deuses inferiores. Na melhor das hipóteses, só podem ser consideradas “ateísticas” no sentido de que não aceitam o teísmo.

História

No mundo intelectual do Ocidente o fenômeno da difusão da descrença em Deus possui uma longa e distinta história. Filósofos da antiguidade, como Lucrécio, eram descrentes. Mesmo na Idade Média (do V ao XV século) havia correntes de pensamento que questionavam as assunções teístas, incluindo o ceticismo – doutrina que alega a impossibilidade de se alcançar o “verdadeiro conhecimento” – e o naturalismo – crença de que apenas forças naturais governam o mundo. Vários pensadores iluministas (1700-1789) eram ateus militantes, incluindo o escritor dinamarquês Baron Holbach e o enciclopedista francês Denis Diderot. Expressões de descrença são também encontradas em clássicos da literatura ocidental, incluindo os escritos de poetas ingleses como Percy Shelley e Lord Byron; do novelista inglês Thomas Hardy; de filósofos franceses como Voltaire e Jean-Paul Sartre; do autor russo Ivan Turgenev e de escritores americanos como Mark Twain e Upton Sinclair. Os ateus e críticos de religião mais articulados e conhecidos do século XIX são os filósofos alemães Ludwig Feuerbach, Karl Marx, Arthur Schopenhauer e Friedrich Nietzsche. O filósofo britânico Bertrand Russel, o psicanalista austríaco Sigmund Freud e Sartre estão entre os ateus mais influentes do século XX.

Motivos para Rejeitar Deus

Críticas ao Teísmo

Ateus justificam suas posições filosóficas de várias maneiras. Ateus “passivos” tentam fundamentar sua posição através da refutação dos argumentos em favor da existência de Deus, como o ontológico, o da causa primeira, o do design inteligente e o da experiência religiosa. Outros argumentam que qualquer afirmação sobre Deus é vazia, pois atributos como “onisciência” e “onipotência” são incompreensíveis à mente humana. Os que professam o ateísmo “ativo”, em contrapartida, defendem sua posição argumentando que o conceito de Deus é inconsistente. Eles questionam, por exemplo, como um Deus “todo-sabedoria” pode ser ao mesmo tempo “todo-bondade” e como um Deus que não possui corpo físico pode ser “onisciente”.

O Problema do Mal

Alguns ateus “ativos” adotam a posição de que a existência do mal torna Deus algo improvável. Em particular, ateus afirmam que o teísmo não explica adequadamente o porquê da existência de um mal aparentemente sem sentido, como o sofrimento de uma criança inocente. Teístas comumente defendem a existência do mal argumentando que Deus deseja que os humanos possuam liberdade de escolha entre o bem e o mal, ou que a função do mal é construir o caráter humano, lhes proporcionando qualidades como a perseverança. Ateus “ativos” contra-argumentam que as justificativas para o mal dadas pelos teístas em termos de livre-arbítrio deixam de explicar por que, por exemplo, uma criança possui doenças genéticas ou sofre violências e abusos de adultos. Os argumentos de que Deus permite a dor e o sofrimento para construir o caráter humano falham, por sua vez, em explicar por que havia sofrimento entre os animais existentes antes que os humanos evoluíssem e por que o caráter não pode ser desenvolvido com menos sofrimento. Para ateus, uma melhor explicação para a presença do mal no mundo é a inexistência de Deus.

Evidências Históricas

Ateus também criticaram evidências históricas utilizadas para sustentar as crenças das maiores religiões teísticas. Por exemplo, argumentaram que a falta de evidências lança dúvidas sobre importantes doutrinas do cristianismo, como a de que Jesus Cristo nasceu de uma virgem e a de que ressuscitou após ter sido crucificado. Devido a tais eventos representarem milagres, os ateus dizem que evidências extremamente fortes são necessárias para sustentar sua veracidade. As evidências disponíveis para respaldar os supostos milagres – de fontes bíblicas, pagãs e judaicas –, segundo os ateus, são fracas, e por isso devem ser rejeitadas.

A Diversidade no Ateísmo

Ateísmo é, primariamente, uma “reação à” ou uma “rejeição da” crença religiosa, e portanto não é possível determinar quaisquer outros pontos de vista filosóficos a partir dele. O ateísmo, às vezes, é associado às correntes filosóficas materialistas, as quais defendem que apenas a matéria existe; com o comunismo, o qual afirma que a religião impede o progresso da humanidade; e com o racionalismo, que coloca a razão acima de outros métodos de investigação. Entretanto, não há qualquer conexão necessária entre o ateísmo e tais posições filosóficas. Alguns ateus opuseram-se ao comunismo, outros rejeitaram o materialismo. Apesar de praticamente todos os materialistas contemporâneos serem ateus, Epicuro – um materialista grego da Antigüidade – acreditava que os deuses eram feitos de matéria na forma de átomos. Racionalistas como o filósofo francês René Descartes acreditavam em Deus, enquanto Sartre não pode ser considerado um racionalista. O ateísmo foi associado a sistemas de pensamento que rejeitam autoridades, como o anarquismo – teoria política que se opõe a qualquer tipo de governo – e o existencialismo – movimento filosófico que enfatiza absoluta liberdade de escolha que os humanos possuem; também não há, contudo, qualquer relação necessária entre tais posições e o ateísmo. O filósofo britânico A. J. Ayer era um ateu que se opunha ao existencialismo; o filósofo dinamarquês Soren Kierkegaard, por sua vez, era um existencialista que aceitava Deus. Marx era um ateu que rejeitava o anarquismo, enquanto que o novelista Leo Tolstoy, um cristão, adotava o anarquismo. Devido ao ateísmo, estritamente falando, consistir meramente numa negação, ele não pode, por si próprio, proporcionar uma cosmovisão ao indivíduo; logo, é impossível deduzir quais outras concepções filosóficas serão adotadas.

Os debates acerca da existência de Deus continuam, especialmente em universidades, grupos de discussão sobre religião e fóruns eletrônicos na internet. Contemporaneamente, o ateísmo tem sido defendido pelos filósofos John Mackie – um britânico –, Michael Martin – um americano –, entre outros. As organizações expoentes na difusão do ateísmo nos Estados Unidos são a “The American Atheists” [Os Ateus Americanos], “The Committee for the Scientific Study of Religion” [O Comitê para Estudo Científico da Religião] e “The Internet Infidels” [Os Infiéis da Internet].

domingo, 15 de junho de 2008

Discutindo Filosofia 1




Algum tempo atrás havia dito que tentaria encontrar a primeira e segunda edição da Discutindo Filosofia, rodei bancas e bancas e nada de encontrar, mas ei que voltando do almoço dou de cara com elas numa banca que até então só tinha parado para comprar bolachas, estavam um pouco amassadas, mas tudo bem, o conteúdo estava intacto. Falando em edições perdidas a Caros Amigos anunciou que esse mês colocará novamente na banca a primeira edição do especial sobre a ditadura militar no Brasil, então em breve poderei cumprir a outra parte da promessa.
Aconselho a vocês prestarem atenção especial ao texto sobre o Laboratório de Estudos da Intolerância (LEI), e ao lerem o texto sobre a democracia grega lembrarem que a cidadania não abarcava a todos, eram todos iguais, mas uns mais iguais que os outros ...

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Editorial:

O QUE SOMOS? O que são as coisas a nossa volta? Pode¬mos acreditar nelas? O que é a vida e a morte? Como ser feliz? Existe a verdade? O que é certo, o que é errado? Perguntas co¬mo essas acompanham a humanidade desde seus primórdios e tão cedo não a abandonarão. Todo mundo já se fez, algum dia, interrogações desse tipo, para as quais as respostas nunca são simples. Mas então por que nos fazemos essas perguntas? Também é difícil saber.

Seja como for, deve ter sido dessa natureza questionadora dos homens que a Filosofia nasceu. Questionamento que é ainda hoje sua marca mais forte. Para a Filosofia, as indagações são bem mais importantes que as respostas. Ela é, priori¬tariamente, uma pergunta.
É esse o espírito que buscamos para esta revista: menos dar respostas que suscitar perguntas sobre nós mesmos e o mundo que nos cerca. Por isso nossa capa é dedicada a um dos maiores filósofos do último século, Jean-Paul Sartre, entre os que mais se dedicaram a refletir sobre a condição do ho¬mem no mundo. E que tal um percurso pelos momentos fun¬dadores da ética, uma disciplina cuja importância não pára de crescer nos dias que correm? Além disso, vale a pena saber o que um filósofo clássico, Leibniz, pensava acerca de nossa res¬ponsabilidade sobre nossos atos.

E como ficam essa responsabilidade e nossa liberdade depois que Freud descobriu um outro em nós mesmos, o in¬consciente? Você também encontrará interrogações sobre o ensino de Filosofia na entrevista com o professor Celso Fava-retto. Conhecerá os trabalhos do Laboratório de Estudos da Intolerância, e muito mais. Claro, não poderia faltar aquela que é a pergunta mais comumaujmdp se fala em Filosofia: afinal, para que ela serve?
É isso e muito mais que você, leitor, descobrirá neste primeiro número da revista. Esperamos que você leia, sugira, es¬creva. Mas, sobretudo, desejamos que tudo o que está publi¬cado lhe sirva de inspiração para novas indagações e questio-namentos. Ou seja, para a vivência da Filosofia.

Homero Santiago
Coordenador-geral
Professor de Filosofia na Universidade de São Paulo

Resumo:

  • Um filósofo, uma idéia: Descartes e a verdade do cógito
  • Para que serve a filosofia: A resposta pode surpreender ...
  • Café Filosófico: Existe a verdade absoluta
  • O preço de ser livre: Para Leibniz, é a responsabilidade
  • O que é: O ateísmo e seus fundamentos
  • Ética e política: Uma combinação impossível?
  • Entrevista: Celso Favaretto fala da volta das aulas de Filosofia
  • Lógica: O diagra de Venn ajuda a raciocinar
  • Capa: 100 anos de SARTRE, o pensador do existencialismo ateu
  • Filosofia e cotidiano: O desejo na era do consumo
  • Estética de Hegel: Arte, sensibilidade e razão
  • Ágora Grega: A praça pública como palco da cidadania
  • Do avanço do saber: O papel do conhecimento em nossa sociedade
  • Inconsiente freudiano: O homem visto por inteiro
  • Laboratório da Intolerância: O trabalho do núcleo interdisciplinar da USP
  • Na sala de aula: Uma discussão sobre a cultura de massa
  • Pensar é preciso: Lênin e o sonho


"O desacordo entre o sonho e a realidade nada tem de nocivo se, cada vez que sonha, o ser humano acredita seriamente em seu sonho, se observa atentamente a vida, compara suas observações com seus castelos no ar e, de uma forma geral, trabalha conscientemente para a realização de seu sonho. Quando existe contato entre o sonho e a vida, então tudo vai bem."

Vladimir Lênin (1870-1924), revolucionário vitorioso, político e filósofo russo,
em Que Fazer? -As Questões Palpitantes de Nosso Movimento

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Fiódor Dostoiévski


Fonte dos dados acerca do autor: EducaçãoUol

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Todas as obras diponiveis

* Obras disponiveis no arquivo rar:

Fiodor Mikhailovich Dostoievski foi uma das maiores personalidades da literatura russa, tido como fundador do Realismo.

Sua mãe morreu quando ele era ainda muito jovem e seu pai, o médico Mikhail Dostoievski, foi assassinato pelos próprios colonos de sua propriedade rural em Daravoi, que o julgavam autoritário. Esse fato exerceu enorme influência sobre o futuro do jovem Dostoiévski e motivou o polêmico artigo de Freud: "Dostoiévski e o Parricídio".

Em São Petersburgo, Dostoiévski estudou engenharia numa escola militar e se entregou à leitura dos grandes escritores de sua época. Epilético, teve sua primeira crise depois de saber que seu pai fora assassinado. Sua primeira produção literária, aos 23 anos, foi uma tradução de Balzac ("Eugénie Grandet"). No ano seguinte escreveu seu primeiro romance, "Pobre Gente", que foi bem recebido pelo público e pela crítica.

Em 1849 foi preso por participar de reuniões subversivas na casa de um revolucionário, e condenado à morte. No último momento, teve a pena comutada por Nicolau 1o e passou nove anos na Sibéria, quatro no presídio de Omsk e mais cinco como soldado raso. Descreveu a terrível experiência no livro "Recordações da Casa dos Mortos" e em "Memórias do Subsolo".

Suas crises sistemáticas de epilepsia, que ele atribuía a "uma experiência com Deus", tiveram papel importante em suas crenças. Inspirado pelo cristianismo evangélico, passou a pregar a solidariedade como principal valor da cultura eslava. Em 1857 casou-se com Maria Dmitrievna Issaiev, uma viúva difícil e caprichosa. Dois anos depois retornou a Petersburgo. Em 1862 conheceu Polina Suslova, que viria a ser o seu romance mais profundo. Em 1864, viúvo de Maria, terminou seu caso com Polina e em 1867 casou-se com Anna Snitkina.

Entre suas obras destacam-se: "Crime e Castigo", "O Idiota", "O Jogador", "Os Demônios", "O Eterno Marido" e "Os Irmãos Karamazov".

Publicou também contos e novelas. Criou duas revistas literárias e ainda colaborou nos principais órgãos da imprensa Russa.

Seu reconhecimento definitivo como escritor universal surgiu somente depois dos anos 1860, com a publicação dos grandes romances: "O Idiota" e "Crime e Castigo". Seu último romance, "Os Irmãos Karamazov", é considerado por Freud como o maior romance já escrito.