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Aurora, o despertar de uma nova moralidade. Emancipação da razão diante da moral. Uma vez que a moralidade não é outra coisa que a obediência aos costumes, de qualquer natureza que estes sejam, Aurora quer romper essa maneira tradicional de agir e de avaliar. Portanto, à medida que o sentido da causalidade aumenta, diminui a extensão do domínio da moralidade. De fato, a compreensão das ligações efetivas da causalidade destrói considerável número de causalidades imaginárias que foram sendo julgadas no decurso dos tempos como fundamentos da moral. O poder liberador da razão tem em si a capacidade de desmitificar significados sociais instituídos pela tradição; o indivíduo, em sua atividade racional, se descobre como criador de novos valores. O indivíduo é capaz, portanto, de romper o elo histórico que une tradição e moralidade, opondo-lhe o binômio razão e afirmação de si. Com essas principais referências, em Aurora, Nietzsche discute a história dos costumes e da moralidade, a história do pensamento e do conhecimento, além de ressaltar os preconceitos cristãos que vararam a história da humanidade. A seguir, se concentra em analisar a natureza e a história dos sentimentos morais, dos preconceitos filosóficos e dos preconceitos da moral altruísta. Continua depois estabelecendo o contraponto entre cultura e culturas ou civilização e civilizações, para ressaltar a intervenção do. Estado, da política e dos povos na história. Finalmente, parece divertir-se ao apresentar coisas essencialmente humanas e corriqueiras e pintar o universo do pensador. Como a aurora anuncia um novo dia, Aurora, para Nietzsche, é também um novo despertar para uma verdadeira vida — do homem e da humanidade inteira.
quarta-feira, 26 de março de 2008
Nietzsche - Aurora
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Nietzsche - A Filosofia na Época Trágica dos Gregos
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Vou fazer a narração de uma versão simplificada da história desses filósofos: de cada sistema quero apenas extrair o fragmento de personalidade que contém e que pertence ao elemento irrefutável e indiscutível que a história deve guardar: é um começo para reencontrar e recriar essas naturezas através de comparações. É também a tentativa de deixar soar de novo a polifonia da alma grega. A tarefa consiste em trazer à luz o que devemos amar e venerar sempre e que não nos pode ser roubado por nenhum conhecimento posterior: o grande homem.
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Nietzsche - A Origem da Tragédia
Como não li A Origem da Tragédia não tecerei nenhum comentário, me limitarei a acreditar no que foi prefaciado.
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PREFÁCIO
Está fora de dúvida que o livro mais emocionante e característico de Nietzsche é “Assim falava Zarathustra”, a obra, porém, que melhor externa a “essência pessoal” do jovem Nietzsche é este primogênito: A ORIGEM DA TRAGÉDIA.
A tradução presente é baseada no primeiro volume das “Obras Completas”, publicadas pelo Nietzsche-Archiv e por C. G. Naumann — Leipzig.
A este livro acrescentou Nietzsche no ano de 1886, além do “Ensaio de autocrítica”, explícitas palavras, que não foram publicadas, mas que se encontram citadas nas páginas XXVII e seguintes da introdução à ORIGEM DA TRAGÉDIA, escritas por D. Elisabeth Förster-Nietzsche para o primeiro volume das “Obras Completas” publicado pelo “Alfred Kröner Verlag” em 1912.
“Para acrescentar à Origem da Tragédia — Livro proveniente de experiências sobre estados estéticos de dor e alegria, tendo no fundo uma metafísica da arte. Ao mesmo tempo confissão de romântico (é quem mais sofre que exige mais profundamente a beleza — ele cria a mesma); e, finalmente, obra de juventude, cheia de coragem e melancolia juvenis.
“Experiências psicológicas fundamentais: com o nome de “apolínico” classifica-se a permanência arrebatadora num mundo imaginário e sonhado, no mundo da aparência bela, como redenção da realização; com o nome dionisíaco torna-se, por outro lado, ativa a realização sentindo-se subjetivamente a evolução, como o prazer intrépido do criador que conhece, ao mesmo tempo, a fúria do destruidor.
“Antagonismo de ambas as experiências, e dos desejos que as fundamentam. A primeira quer a aparência eternamente; diante da mesma torna-se o homem involuntário, calmo como o mar, curado, de acordo consigo e com a existência; a segunda experiência impele à realização, ao desejo da evolução, isto é, à criação e destruição. A realização, intimamente sentida e apresentada, seria o trabalho contínuo de um descontente, arqui-rico, sempre tenso e sempre impelido, de um Deus, que só pode sobrepujar a dor da existência por eterna modificação e mudança: a aparência como sua redenção conseguida a todo momento, mas apenas por alguns instantes; o mundo como conseqüência de visões divinas e redenções na aparência.
“A metafísica da arte contrapõe-se à concepção unilateral de Schopenhauer que compreende a arte partindo não do artista mas sim do preceptor: porque traz em si a libertação e redenção no gozo do irreal, contrapondo-se, assim, à verdade (experiência de um indivíduo que sofre e desespera de si e sua verdade) — Remissão na forma e sua eternidade (como Platão deve ter experimentado: apenas este experimentou também na concepção a vitória sobre sua sofredora sensibilidade por demais irritável). A isto opõe-se o segundo fato: Arte compreendida, partindo do artista, e principalmente do músico: a tortura do dever de trabalho como impulso dionisíaco.
“A arte trágica, rica em ambas as experiências, é classificada como a confraternização do Apolo e Dionísio: a este fenômeno liga-se a maior importância, por parte de Dionísio; mas este fenômeno se nega — nega-se voluntariamente. Isto significa a contraposição ao ensinamento Schopenhaueriano da resignação como concepção trágica do mundo!
“Contra a teoria de Wagner, pela qual a música seria o meio e o drama o fim.
“Desejo do mito trágico como ponto terminal, em que floresce tudo que deve desenvolver-se (“religião”, quer dizer religião pessimista).
“Desconfiança contra a ciência, apesar de ser fortemente sentido o alívio que traz consigo seu otimismo atual: “alegria” do homem teórico.
“Repugnância profunda pelo cristianismo. Por quê? A decadência do ser alemão atribui-se-lhe.
“Não se pode justificar o mundo senão esteticamente: Desconfiança contra a moral (ela pertence ao mundo dos fenômenos).
“A felicidade da existência é possível somente como felicidade na aparência (— o “ser” como a imaginação do que sofre na realização).
“A felicidade na realização é somente possível na destruição do verdadeiro, da “existência”, da aparência bela, na destruição pessimista da ilusão: na destruição mesmo do seu mais belo brilho, atinge a felicidade dionisíaca o seu auge.”
Desde 1869 começou Nietzsche a preocupar-se com as idéias da “Origem da Tragédia” e já nas conferências que pronunciou em 1870 no Museum de Basiléia: “o drama musical grego” e “Sócrates e a Tragédia”, encontramos a expressão provisória das idéias coligidas nesta obra. Publicou seu livro pela primeira vez em 1872 na editora E.W. Fritzsch-Leipzig, sob o título: A Origem da Tragédia, proveniente do espírito da música. Nova edição foi publicada em 1886, com prefácio escrito em Sils-Maria, sob o titulo A Origem da Tragédia ou Helenismo e Pessimismo. Segundo o costume atual, porém, leva esta tradução o primeiro título, apesar de nela se achar incluído o prefácio de 1886. (Ensaio de uma Autocrítica).
Não podemos separar esta obra do Wagnerianismo, que por essa época foi preponderante do espírito de Nietzsche. A obra, como a conhecemos, pode ser quase chamada de fragmentária, pois o jovem Nietzsche desejou fazer vasto trabalho sobre os gregos, mas foi, por razões diversas, levado a modificar seu plano de trabalho, terminando o livro por uma apologia de Wagner. Já se encontram neste livro os prenúncios de sua filosofia posterior. O próprio Nietzsche o afirma na Vontade de Potência, introdução:
“Minha filosofia: arrancar o homem da aparência, seja o perigo qual for. E nada de medo, mesmo com risco da própria vida!”
E será esta a fórmula que o leitor atento encontrará em toda extensão da ORIGEM DA TRAGÉDIA.
Diz Virgil J. Barbato em seu maravilhoso “Nietzsche, Tendances et Problèmes” que “ L’Origine de la Tragédie est un manifeste, dont le contenu a préoccupé l’auteur même pendant la guerre. Il est, pourtant, rempli de considérations esthétiques”. Chamando o próprio Nietzsche em nosso auxílio (Prólogo a Richard Wagner — A ORIGEM DA TRAGÉDIA) vemos que os leitores “verão, caso lerem atentamente este livro, com que sério problema alemão nós nos preocupamos, problema que por nós é colocado no centro das esperanças alemãs, como vértice e ponto de mudança.”
Podemos considerar a Origem da Tragédia como a experiência de fazer do espírito grego a força formadora do espírito moderno, sendo uma experiência plena de vontade e capacidade. Alois Riehl, em seu livro Friedrich Nietzsche (Tradução italiana) resumiu muito bem o conteúdo e o objeto de Nietzsche quando disse: “La Nascita della Tragedia è una metafísica dell’arte, che trasforma l’arte in Metafísica. È la teoria della costante autoredenzione del mondo mediante l’arte”.
O próprio Nietzsche, que mais tarde rejeitou este primeiro grau de seu espírito, tem amor especial a esta obra, chamando-a mesmo de “predileta”. E classifica a sua obra no ECCE HOMO — pág. 104, Tradução de Lourival de Queiroz Henkel: “O início é sobremodo singular. Pela minha experiência íntima, fora-me dado descobrir o único símbolo e paralelo que à história é dado possuir, tendo sido o primeiro também a conceber o maravilhoso fenômeno dionisíaco. Ao mesmo tempo, pelo fato de ter reconhecido Sócrates como um decadente, experimentara de maneira indubitável quão pouco o meu instinto psicológico estava ameaçado por qualquer idiossincrasia moral: a própria moral, considerada como sintoma da decadência, é uma inovação, uma particularidade de primeira ordem na história da consciência. Como passara alto, de um só pulo, em todos os dois casos, acima das conversas fiadas do otimismo contra o pessimismo!” E como ressoa, prenunciador, após a segunda catástrofe mundial, o que Nietzsche continua dizendo na página 108 do livro mencionado: “Eu anuncio o advento de era trágica: a arte mais sublime na afirmação da vida, a tragédia, renascerá quando a humanidade, sem sofrimento, tiver atrás de si a consciência de ter sustentado as guerras mais rudes e mais necessárias.”
Nada mais nos resta acrescentar se não o desejo de que esta tradução contribua para que Frederico Nietzsche, tão caluniado e tão pouco compreendido, receba, entre nós, o lugar de destaque que merece entre os grandes pensadores de todo mundo....
“Subi aos vossos navios! O que necessitamos é de uma nova justiça! E de nova libertação! E de novos filósofos! A terra moral é redonda, também. E a terra moral possui os seus antípodas! E os antípodas também têm direito à existência! Há um mundo novo ainda por descobrir, e até mais de um! Aos vossos navios, todos a bordo, filósofos!” (A ALEGRE CIÊNCIA).
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