sexta-feira, 16 de maio de 2008

Dostoiévski - O Jogador - 1867



Fonte do livro digitalizado: Projeto Democratizacao da Leitura

Fonte dos dados acerca do livro: Shvoong.com

Fonte da carta: Lendo.org

Links:
Livro digitalizado em formato pdf
Diretorio onde se encontra o livro

Esse é um trecho de uma curiosa carta que Fiodor Dostoiévski escreve à cunhada de Paris após contato com a roleta:

Durante quatro dias observei as mesas de perto. Havia ali centenas de jogadores, mas, palavra de honra, só duas pessoas sabiam jogar! Era uma francesa e um lord inglês. Entendiam do jogo e nunca perdiam, pouco faltando para rebentar a banca. Peço-lhe, não creia que eu estava radiante de alegria porque acabava de ganhar em vez de perder, que eu me julgue um grande conhecedor do segredo do jogo. Esse segredo, aliás, bem o sei, é o que há de mais simples e estúpido. É preciso unicamente domínio sobre si mesmo e, sejam quais forem as peripécias do jogo, a gente evitar o entusiasmo excessivo. Eis tudo. Esta regra impedirá você de perder, fazendo-lhe necessariamente ganhar.


O Jogador


Uma envolvente narrativa semi-autobiográfica em uma contundente auto-análise do (pior do) ser humano. Não é segredo que Dostoiévski foi, durante muito tempo, um jogador compulsivo, o que da o empuxo do ponto de partida deste romance.

Trata da estória de Aléxis Ivanovitch, um preceptor que é visto como palpiteiro e inconveniente apenas por permanecer fiel às suas próprias convicções e não concordar com as opiniões mesquinhas da alta sociedade com a qual precisa conviver.

Assíduo freqüentador dos cassinos locais, ele cria seus métodos e cálculos no intuito de fazer fortuna na roleta. Não "apenas" para isso, mas também para ter o prazer de quebrar a banca, de fazer com que todos os que o desdenharam passem a cortejá-lo, nem que seja só enquanto durar seu dinheiro.

Costuma jogar com certa parcimônia e algum senso de responsabilidade, evitando riscos desnecessários sempre que possível, principalmente quando joga a pedido de Paulina, sua musa inspiradora. Claro que isso não dura muito tempo, pois logo ele perde o bom senso, mais especificamente numa insólita noite em que Paulina dá a entender que precisa desesperadamente de dinheiro. Aléxis, então, não perde tempo: vai até o cassino e, em menos de uma hora, quebra a banca tal como sempre desejara, no ápice da narrativa.

As gloriosas páginas nas quais o leitor é levado a assistir as peripécias do jovem Aléxis na roleta são as mais delirantes e apetitosas. A empatia pelo personagem se torna gigantesca e faz com que o leitor deseje que ele caia em si e vá para casa antes que perca tudo. A audácia e o destemor que passam a controlar o jogador são transmitidas de forma direta e sem firulas por Dostoievski até o desesperançado desfecho, em que Aléxis cai em desgraça, não apenas por conta de seu vício, mas por conta do desprezo de Paulina.

Aléxis parece não se dar conta da degradação (tanto espiritual, quando financeira) que o atingiu, provavelmente por causa de seu orgulho, que o impede de enxergar sua ruína, mas não é suficiente para fazê-lo se reerguer. A missão cabe ao sr. Astley, velho amigo de Aléxis que ao reencontrá-lo, oferece-lhe ajuda, gentileza esta que é educadamente dispensada. Parece não haver mais salvação para o jogador.

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