quinta-feira, 27 de março de 2008

Nietzsche - Vontade de potência



Fonte do livro digitalizado: Projeto Democratização da leitura
Fonte dos dados acerca do livro: Resumo dissertação mestrado UFRJ - Machado, Cristina G. Oliv

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Cristina G. M. Oliveira (resumo dissertação mestrado UFRJ - Machado, Cristina G. Oliveira)

É importante afastar o mundo além, nisso consiste o projeto nietzschiano de transvaloração de todos os valores: fundar os valores a partir de outras bases, diferentemente da visão platônica.

Investigando o assunto no decorrer do trabalho, insistiremos em retomar o mesmo com a intenção de chegarmos a um denominador comum, a chave central que nos levará a afirmar o valor como processo criativo e expressão maior da vida.

No primeiro capítulo, Vida como vontade de potência, um novo caminho foi anunciado – o problema da finalidade da vida o qual ultrapassa as máscaras da realidade. Vimos como Nietzsche propõe isso por meio da criação de novas possibilidades de vida, isto é, através do fluxo da vida. Diante disso, verificamos como essa concepção nietzschiana era formulada – através dos impulsos estéticos (instintos apolíneos e dionisíacos) enunciados na obra O Nascimento da Tragédia.

De tal modo, podemos compreender que o modelo nietzschiano constitui-se de uma força que quer sempre mais e destrói a imutabilidade. Afim de um maior entendimento e apreensão das questões propostas anteriormente foi analisado o conceito de impulso, força. De acordo com o pensamento nietzschiano, podemos assimilar que as forças tendem a exercer-se o quanto podem agindo e resistindo sobre outras, irradiando uma vontade de potência. Esse conflito incessante estará em fluxo e refluxo conforme o teor das configurações ganhando, com isso, uma dinâmica expansiva e de transformação. Nesse sentido, o impulso (força) é entendido como um efetivar-se, pois é o seu próprio fazer-se. Assim, o conceito de “jogo de forças” gera uma nova concepção de ontologia, pois deixamos de lado as características absolutas e duradouras, para serem analisadas a partir dos impulsos relacionais.

Após a explanação do conceito de impulso fomos levados a compreender e analisar o significado de vontade de potência. Esta, como consideramos, é o resultado de um “jogo de forças” marcado pelo afeto de comando, o qual está esse estando presente em toda a manifestação da vida. Essa investida nietzschiana abre-se ao relacional, donde cada centro instável de potência tem interligação com todo o resto para assim gerar conjuntos maiores de impulsos, vontade de potência.

De acordo com o analisado no decorrer do trabalho podemos constatar que vontade de potência é geradora de vontade de vida, pois somente onde existe vontade há vida. Donde concluímos que vida e vontade de potência se identificam. Podemos compreender, desse modo, que somente irá existir querer, impulso, vontade de potência se algo existir, isto é, se houver um ser vivo, pois, tudo o que existe quer algo. Portanto, quando falamos em vida, mundo, ser humano, atividades orgânicas o que na realidade estamos determinando são as múltiplas manifestações dos impulsos da vontade de potência que neles se efetivam.

No segundo capítulo, Valor à luz de noção de vida, resgatamos as questões deixadas no capítulo anterior e com isso podemos nos aprofundar ainda mais no conceito nietzschiano de valor.

Após a explanação sobre o conceito de vida como vontade de potência podemos concluir que vontade, para Nietzsche, é antes de tudo força de criação. Desse modo, o que ocorre em tal caminho é que o homem sendo uma vontade de potência relacional está sempre em consonância com o mundo e com os outros impulsos que o circundam, possibilitando, dessa maneira, sempre novas possibilidades de vida. Para que as novas possibilidades de vida transbordem em nosso mundo e em nossas próprias existências o importante é que o ser vivente seja um criador, ou seja, aquele capaz de produzir o real e não somente de dissimulá-lo com falsas representações.

Dessa maneira, a partir do conceito de vontade de potência surgiu uma nova forma de avaliação do real, já que nossos instintos correspondem à vontade de potência e esta determina as condições de nossa existência; que por sua vez implicam nos juízos de valor.

De tal modo, podemos afirmar que as qualidades das forças têm seu princípio na vontade de potência, na direção em que ocorrem. E quem interpreta e avalia tais forças é a própria vontade de potência, pois é a força que dá sentido à coisa. Conseqüentemente, podemos compreender que avaliar é determinar a vontade de potência que dá um determinado valor á coisa.

Desta maneira, cada ser vivente precisa estimar (valorar) a partir de si, de sua perspectiva própria, tudo o que a rodeia, formando um cabedal de estimações valorativas manifestadoras das condições de existência a ela inerentes.

A partir disso, Nietzsche fornece um novo percurso para os seres vivos, pois não acredita mais em valores eternos – os valores são históricos, em devir. Logo, os valores não têm uma existência em si, são o resultado de uma produção, de uma criação através do e no homem.

Portanto, o valor é um produto da avaliação, já que no plano das configurações humanas de potência, todo juízo de valor funciona enquanto canal consolidador de certo tipo de vida – formações ascendentes manifestam valores superlativos, ao passo que estruturas decadentes só podem exprimir apreciações potencialmente regressivas.

Dentro de tal argumento, Nietzsche ressaltou a manifestação de duas grandes linhas valorativas – moral nobre ou de senhores e moral do ressentimento ou de escravos. O pano de fundo da avaliação nietzschiana será sempre o modo pelo qual o indivíduo se relaciona com o grupo de que faz parte.

Diante de tal contexto analisado, podemos perceber que não será o próprio homem quem fará tal ato, mas a própria vida é que avaliará, já que o ser humano não é critério para a avaliar os valores, e sim a vida. É somente a vida como vontade de potência que estratifica os valores ao modo perspectivo, que engendra novos caminhos de significação. Portanto, podemos concluir que é a própria vida que avalia por nosso intermédio

Assim sendo, as avaliações são criações da atividade, da vontade de potência, é a ação da vontade se fazendo, se afirmando. Portanto, podemos compreender que vontade de potência é concebida como um princípio pelo qual a vida se auto-supera, como único critério de avaliação. É exatamente nesse viver, no criar que este nos pressupõe é que se abrirão ao ser humano as verdadeiras perspectivas criadoras; uma vez que somente no devir é que teremos criação e, aí sim um novo enfoque da realidade será estabelecido pela vontade de potência.

Após essa tarefa de análise concluímos que Nietzsche valoriza os impulsos, subordinando o homem ao objetivo da vida que é extensão e intensificação de potência. Dessa forma, podemos compreender que o homem é aquele que permeia a avaliação, aquele que através da vontade de potência realiza a dinâmica do valorar, do ato da avaliação.

No terceiro e último capítulo, Valor é um quantum de potência, verificamos que uma vez que a vontade de potência é a base de toda a interpretação e avaliação, o que temos, é a compreensão da vontade de potência como construção e expressão de um impulso vital enquanto base das valorações.

Segundo esse ponto de vista nos fundamentamos nos instintos considerados sob a ótica da vontade de potência. Conseqüentemente, cada impulso passa a ser entendido como quantum de potência em contínua transformação, produto da equação tensa e instantânea entre sua capacidade para dominar, assimilar os demais quanta e sua habilidade em resistir à influência por eles exercida.

Verificamos que o instinto é, nesse sentido, força espontânea através da qual a vida avalia por si mesma, ou seja, pela expansão de suas potencialidades. Portanto, um valor torna-se evidente libertando-se da sua origem na força decisória de quem o pratica.

Assim, no fundo, quando valoramos é a própria vida, enquanto vontade de potência, que avalia por nosso intermédio. Na esfera do humano, os instintos e as apreciações de valor deles decorrentes funcionam como meios de expressão da potência.

A partir daí podemos argumentar com outras perspectivas o conceito de valor. Conseqüentemente, compreendemos que o caráter fundante é que a vontade de potência põe valores e que a instauração desses ocorrem porque “Tudo o que é ‘é’ enquanto condição de possibilidade do poder, isto é, enquanto valor”.[1]

Deste modo, o ser como vontade de potência, criação de novos valores, afirma-se na sua própria criação, pois, ainda é possível a criação de novos valores porque se redescobriu a pluralidade dos sentidos do ser. Defini-se assim um devir criativo das forças, um triunfo da afirmação da vida, desta vida terrena múltipla e em constante movimento.

A partir disso obtemos que, de acordo com sentido nietzschiano, não existem os valores em si, mas a pluralidade dos mesmos.

Portanto, ao abordar a multiplicidade dos valores foi constatado que a realidade, dentro da visão nietzschiana, tem um caráter móvel, dinâmico e em incessante mudança.

1 HEIDEGGER. Nietzsche – metafísica e niilismo. p.66.

1 comentários:

Wlisses Freitas® disse...

Por favor, você poderia re-upar o livro, pois o link não funciona mais...